4/29/2011

Isaias

Isaías era filho de Amoz. O Talmude afirma que Amoz, pai de Isaías era irmão do rei Uzias. Isaías profetizou durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (1.1). O nome Isaías significa “o Senhor salva”. O profeta era da mesma época de Amós, de Oséias e de Miquéias, e começou seu ministério em 740 a.C., ano em que morreu o rei Uzias (6).

Teria nascido por volta de 760 e vivido pelo menos até 681 a.C. De família nobre de Judá, Isaías era casado, e tinha no mínimo dois filhos: Sear-Jasube (7.3) e Maer-Shalai-Hash-Baz (8.3). É provável que tenha passado a maior parte de sua vida em Jerusalém, exercendo maior influência no reinado de Ezequias (37.1-20). A Isaías também é atribuído a composição da história do reinado de Uzias (2 Cr 26-22). Segundo uma tradição judaica Isaías foi serrado ao meio pelo rei iníquo Manassés.


viveu no turbulento período assírio, presenciando o cativeiro do seu povo. Ambos os reinos (Norte/Israel e Sul/Judá), haviam experimentado poder e prosperidade. Israel governado por Jeroboão e outros seis reis de menor importância, haviam aderido ao culto pagão; Judá, no período de Uzias, Jotão e Ezequias permaneceram em conformidade com a aliança mosaica, porém gradualmente, o rigor foi diminuindo causando um sério declínio moral e espiritual (3.8-26). Lugares secretos de culto pagão passaram a ser tolerados; o rico oprimia o pobre; as mulheres negligenciavam suas famílias na busca do prazer carnal; muitos dos sacerdotes e falsos profetas buscavam agradar os homens (5.7-12, 18-23; 22.12-14). Tudo isso deixava claro e patente aos olhos do profeta Isaías que a aliança registrada por Moisés em Deuteronômio 30.11-20, havia sido inteiramente violada, portanto a sentença divina estava proferida, o cativeiro e o julgamento eram inevitáveis para Judá, assim como era para Israel.


advertiu Judá de que seus pecados levariam a nação ao cativeiro babilônico. A visita dos enviados do rei da Babilônia a Ezequias armou o cenário para essa predição (39.1-6). Embora a queda de Jerusalém só viesse a ocorrer em 586 a.C., Isaías toma por certo a derrota de Judá e passa a predizer a volta do povo do cativeiro (40.2-3). Deus redimiria seu povo da Babilônia assim como redimiu do Egito. Isaías prediz a ascensão de Ciro, o persa, que uniria os medos e os persas e conquistaria a Babilônia (45.1).

Dois acontecimentos importantes servem de foco para os capítulos 1-39:

1. A invasão de Israel pelo rei assírio Tiglate-Pileser III serve de pano de fundo para os capítulos 7-12. Essa foi a reação militar de Damasco (capital de Arã) e do Reino do Norte, Israel, contra o Reino do Sul, Judá. O motivo da agressão (a guerra siro-eframita, 735-732 a.C.), não é mencionada no texto. Contudo, é evidente que a ação foi considerada uma ameaça real contra a sobrevivência da monarquia davídica. A resposta de Acaz, rei de Judá, foi convocar a Assíria para manter a ordem na região, convite aceito por Tiglate-Pileser. Conseqüentemente, Damasco foi conquistada, seu povo deportado e toda a terra de Arã incorporada ao Império Assírio (732 a.C.). Partes do reino do Norte foram anexadas, e um novo rei colocado no trono. Vários anos depois, Israel rebelou-se novamente e foi totalmente dominada pelo Império Assírio, com a destruição da capital Samaria em 721. Esses acontecimentos, contudo, recebem pouca atenção no livro de Isaías.

2. A invasão de Judá pelo rei assírio Senaqueribe, em 701, resultou no envolvimento de Ezequias na coligação antiassíria. Isso causou a destruição de várias cidades fortificadas de Judá e, finalmente, o cerco de Jerusalém. Ao contrário do pai, Acaz, Ezequias confiou no socorro do Senhor, e o exercito assírio foi destruído.

Era um tempo de medo e incerteza política. Os assírios aterrorizavam a população do Antigo Oriente Médio com um programa agressivo de dominação. O país podia optar por ser vassalo, pagando um tributo anual e fornecendo tropas auxiliares aos assírios. Mas ao menor sinal de deslealdade resultava em reduções territoriais e maior controle assírio do governo, sem mencionar a cobrança mais pesada de impostos. Por trás de tudo isso havia a ameaça de deportação, com a perda da independência política.

Isaías é visto como o maior profeta do Velho Testamento. O livro é uma coleção de adágios proféticos e oráculos de Isaías, a voz profética predominante na turbulenta segunda metade do século VIII a.C. (740-700). Aqui se encontra parte da literatura hebraica por demais valiosa e conhecida por apresentação direta de fidedignidade e poder soberano do Deus de Israel. Muitas passagens do seu livro estão entre as mais formosas da literatura. Alguns eruditos modernos têm estudado sua profecia poética do mesmo modo que um botânico estuda as flores, examinando-as e analisando-as.

O uso deste método de estudo tem feito com que a beleza e a unidade do livro como as de uma rosa fiquem quase esquecidas, à medida que as diferentes partes são divididas a fim de serem examinadas. Aliás, a unidade de Isaías é tema de grande controvérsia. Pelo fato de o profeta ter vivido no século VIII a.C., alguns estudiosos têm dificuldade em aceitar que ele tenha identificado Ciro, o persa, nominalmente nos capítulos 44 e 45, pelo fato de Ciro ter entrado em cena apenas duzentos anos mais tarde. Mesmo para os que estão dispostos a aceitar o fenômeno sobrenatural da previsão do futuro, isso, muitas vezes, parece improvável quando comparado a outros oráculos.

No capítulo 44.28, Isaías escreveu: "Que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado".

Em 45.1 "ASSIM diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão“.

O único outro exemplo no Antigo Testamento em que o nome da pessoa é dado antes de seu surgimento é a menção de Josias em 1 Reis 13.2 “E ele clamou contra o altar por ordem do SENHOR, e disse: Altar, altar! Assim diz o SENHOR: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti queimam incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti”.


Mesmo por meio de uma leitura descontraída de Isaías, podemos detectar uma grande mudança no capítulo 40. O estilo se torna mais poético e teórico. O tom se torna conciliatório em vez de condenador. Os oráculos de acusação e juízo, que compunham a maior parte dos primeiros 39 capítulos se tornam bem mais raros. A situação histórica parece ter mudado dramaticamente. O povo mencionado está no exílio, não na Judá do século VIII. À luz de tais observações, pode-se entender facilmente por que alguns eruditos não conseguem atribuir o livro inteiro a um único autor do século VIII.

É comum os estudiosos insistirem na existência de pelo menos dois autores diferentes para o livro, separados por no mínimo 150 anos. Normalmente fazem referência a um "deutero-Isaías" hipotético e, muitas vezes até três autores nos capítulos 40 a 66, que teriam escrito nos séculos VI e V a.C.

Mas apesar de muitos estudiosos duvidarem que Isaías tenha sido o autor de todo o livro que leva seu nome, sómente o nome dele está vinculado à obra. O argumento mais forte a favor da unidade do livro de Isaías é a expressão “o Santo de Israel” como título de Deus que ocorre 12 vezes nos capítulos de 1 a 39 e 14 vezes nos capítulos 40 a 66. Fora de Isaías, aparece apenas 6 vezes no Antigo Testamento. Existem outros paralelos verbais notáveis entre os capítulos 1 a 39 e os capítulos de 40 a 66.

O testemunho do livro em si certamente insiste na realidade da profecia sobrenatural voltada para o futuro. A justificação da soberania divina em Isaías 40 a 48 se baseia na capacidade do Senhor de prever o que fará e desafiar os ídolos a fazerem o mesmo. Portanto o foco no futuro que permeia essa parte não pode ser facilmente neutralizado. A menção de Ciro se dá no ápice de uma composição poética muito bem estruturada (44.24-28) e não pode ser ingenuamente eliminada como se fosse algo supérfluo. Além disso a evidência de que o livro de Reis, concluído até a metade do exílio, usou o livro completo de Isaías como fonte favorece a data pré-exílica para a composição do livro do profeta.

Para quem não aceita as afirmações de Jesus como referências literárias, ou declarações de autoria, o Novo Testamento reivindica que Isaías seja considerado o profeta desses oráculos para Israel, pois é, no mínimo, considerado sua fonte. Isso não implica que Isaías os tenha registrado, mas indica que a composição representa fielmente o que ele declarou.

Tudo indica que ele escreveu seu livro durante os reinado de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, e a parte final do seu livro (capítulos 40 a 66) durante o reinado do tirano Manassés. Portanto, os acontecimentos históricos registrados em Isaías abrangem um período de mais ou menos 60 anos.

4/22/2011

Jeremias

Natural de Anatote, um pequeno vilarejo situado cerca de 6 quilômetros ao norte de Jerusalém, Jeremias era de família sacerdotal (1.1) e foi comissionado pelo Senhor ainda no ventre materno: "antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações" (1.5). Muito provavelmente tenha nascido em uma data próxima à de Josias, por volta do ano 646 a.C. Atuou por quatro décadas, aproximadamente no período de 627 a 587 a.C.
Apelidado de "O profeta chorão" por seus escritos marcados por um tom de tristeza e queixumes, não pessoal, mas pelo seu povo, acabou escrevendo também um livro com suas Lamentações. Possuía um coração extremamente sensível, o que faz com que, em seu livro, expressões de amor e sofrimento atingem, por vezes, sejam muito vivas. Sentimentos como a ternura de Deus para com o seu povo e a mágoa de se ver por ele incompreendido, o esmagamento do profeta ante a ruína moral e política de sua amada nação, as alegrias pela reconciliação e o feliz reflorir fazem vibrar as cordas íntimas do seu coração.
O ambiente político daquela época foi marcado por grandes conflitos, uma vez que grandes potências se encontravam em plena disputa pelo poder. Em 722 a.C. tropas Assírias haviam invadido Samaria, a capital de Israel (reino do Norte), apagando definitivamente do mapa esse reino e deportando seus habitantes para as regiões da Mesopotâmia (2Reis 17.6). Para afirmar seu poderio sobre a região, Senaqueribe fez também incursões contra o reino de Judá (Sul), a esta época sob o governo do rei Ezequias. Este se submete aos assírios e livra seu reino de um final semelhante ao do vizinho Israel, ficando, entretanto, sujeito a pesados impostos (2Reis 18.13-14).
Após a morte de Sargão II, a Assíria, que havia fixado os seus domínios nos dois séculos anteriores, se vê enfraquecida por causa de disputas internas pelo poder, da insatisfação crescente entre os povos dominados pelos altos tributos que lhes eram cobrados pelo império, e ainda, por inimigos externos, como os líbios, ao sul, e os indo-arianos, ao norte. Com a morte de Assurbanipal, o império assírio começou a ruir, até que em 612 a.C. a grande Nínive foi destruída pelos babilônios.
No plano religioso as coisas também não iam bem em Israel. As reformas religiosas do rei Josias que tanto impacto causaram no início, com o passar do tempo, foram pouco a pouco sendo arrefecidas e o fervor religioso deu lugar à idolatria. Como escreve Antônio Nves de Mesquita, "a reforma promovida por Josias foi puramente superficial. O regresso à idolatria durante o reinado de Joaquim, e a deslavada maldade de Judá, segundo Jeremias 21 e 22.15-16, mostram isso".
A MENSAGEM
A mensagem de Jeremias, pregada durante um longo período, parece ter passado por alguns estágios distintos.
No primeiro, ele conclamou o povo a se arrepender de seus pecados para que não viessem a sofrer nas mãos da Babilônia (3.12).
O segundo estágio trata da punição de Judá por aquela nação. O tempo de arrependimento havia terminado e o castigo de Deus era agora inevitável (2.1-10).
Um terceiro estágio anunciava o propósito restaurador desse castigo. O exílio na Babilônia, segundo um Deus misericordioso, seria o caminho de vida (e de volta) para aqueles que aceitassem a punição (21.9; 24.4-7). É nesse contexto do último estágio que as promessas, as quais incluíam a esperança de uma nova aliança, surgem (31.31-34).
ESBOÇO DO LIVRO
1.1 - 19 Jeremias - Introdução
2.1 - 4.4 A acusação do Senhor contra o seu povo
2.1 - 8 Um amor abandonado
2.9 - 28 A acusação
2.29 - 37 Pode Judá voltar a Deus?
4.5 - 6.30 Figuras do juízo de Judá
4.5 - 31 O inimigo se aproxima
5.1 - 31 O castigo devido à falsidade de Judá
6.1 - 30 "Em vão continua o depurador"
7.1 - 8.3 Adoração e fé falsas
7.1 - 15 Um sermão no templo
7.16 - 29 Além da redenção
7.30 - 8.3 Abominações para o Senhor
8.4 - 10.25 O pranto pela apostasia de Sião
8.4 - 22 Nenhum arrependimento verdadeiro
9.1 - 11 Um povo totalmente falso
9.12 - 26 Lamento pelo povo que tem de sofrer
10.1 - 25 Ninguém é semelhante ao Senhor
11.1 - 13.27 A quebra da aliança
11.1 - 17 Jeremias expõe a rebeldia do povo
11.18 - 12.6 "Confissões"
12.7 - 13 Deus e sua "casa"
12.14 - 17 Um plano para as nações
13.1 - 27 Sinais do juízo
14.1 - 15.21 Fome, espada e peste
14.1 - 10 A seca
14.11 - 22 Tarde demais para orações
15.1 - 9 Tarde demais para compaixão
15.10 - 21 Uma confissão - e a resposta amorosa de Deus
16.1 - 17.27 Figuras do exílio e da salvação
16.1 - 21 Exílio prenunciado
17.1 - 13 Confiança nos recursos humanos - confiança no Senhor
17.14 - 18 Uma confissão
17.19 - 27 Guardando o sábado
18.1 - 19.13 Dois vasos quebrados e uma confissão
18.1 - 18 Um vaso quebrado e refeito
18.19 - 23 Uma confissão
19.1 - 13 Um vaso quebrado não pode ser refeito
19.14 - 20.18 Jeremias amaldiçoa o dia em que nasceu
19.14 - 20.6 Jeremias no templo
20.7 - 18 Uma última confissão
21.1 - 24.10 Salvação somente por meio do exílio
21.1 - 14 Nenhum livramento da Babilônia
22.1 - 30 Reis indignos
23.1 - 8 Um novo rei davídico
23.9 - 40 Sobre os falsos profetas
24.1 - 10 Dois cestos de figo
25.1 - 38 Deus julga todas as nações
25.1 - 14 O período babilônico
25.15 - 38 O cálice da ira de Deus
26.1 - 29.32 Jeremias se torna um profeta da salvação
26.1 - 24 Jeremias por pouco não escapa da morte
27.1 - 22 Servi a Nabucodonosor!
28.1 - 17 A mensagem de Jeremias mostra-se correta
29.1 - 14 "Edificai casas na Babilônia"
29.15 - 32 Profetas na Babilônia
30.1 - 33.26 A promessa de uma nova aliança
30.1 - 24 A saúde é restaurada
31.1 - 26 O retorno do remanescente
31.27 - 40 A nova aliança
32.1 - 15 Jeremias compra um campo
32.16 - 44 Acaso há alguma coisa difícil demais para o Senhor?
33.1 - 13 A voz de júbilo e de alegria
33.14 - 26 Uma aliança eterna
34.1 - 36.32 Resistência à mensagem de Jeremias
34.1 - 22 Perdão para os escravos
35.1 - 19 Os recabitas fiéis
36.1 - 32 Jeoaquim rejeita as palavras de Jeremias
37.1 - 39.18 Os últimos dias de Judá
37.1 - 10 Ajuda do Egito?
37.11 - 21 A prisão de Jeremias
38.1 - 13 Jeremias é atirado numa cisterna
38.14 - 28 A última audiência com Zedequias
39.1 - 18 A queda de Jerusalém
40.1 - 45.4 O remanescente do povo foge para o Egito
40.1 - 12 Gedalias como governador
40.13 - 41.18 O assassinato de Gedalias
42.1 - 21 "Não entreis no Egito"
43.1 - 13 Ao Egito
44.1 - 14 O apelo final
44.15 - 30 "Não te obedeceremos a ti"
45.1 - 5 Uma palavra para Baruque
46.1 - 51.64 Profecias contra as nações
46.1 - 28 Contra o Egito
47.1 - 7 Contra os filisteus
48.1 - 47 Contra Moabe
49.1 - 39 Profecias mais curtas
50.1 - 51.64 Contra a Babilônia
O profeta paga um preço por ser fiel à mensagem que recebe da parte de Deus. Muitas vezes este preço é mesmo alto: "Assim pegaram Jeremias e o jogaram na cisterna de Malquias, filho do rei, a qual ficava no pátio da guarda. Baixaram Jeremias por meio de cordas para dentro da cisterna. Não havia água na cisterna, mas somente lama; e Jeremias afundou na lama" (Jeremias 38.6).
Esse texto mexe com o meu coração. Por que um profeta fiel ao Senhor precisou sofrer tanto? Depois de ficar muitos dias preso na casa do calabouço (37.16), Jeremias recebe um castigo ainda pior: é lançado num poço escuro e cheio de lama. Mas antes de ser lançado ali, ele faz a seguinte pergunta ao rei Zedequias: "Que crime cometi contra você ou contra os seus conselheiros ou contra este povo para que você me mandasse para prisão?" (Jeremias 37.18). Seu crime foi dizer a verdade. Todos somos profetas onde Deus nos coloca. Quantos missionários (profetas) ao redor do mundo pagam com a própria vida por assumirem um compromisso com verdade?
Talvez não sejamos lançados numa cova cheia de leões como Daniel, ou num poço cheio de lama como Jeremias, mas seja qual for a circunstância, Deus espera que sejamos fiéis. Lembro-me das palavras de Jesus em sua exortação à Igreja de Esmirna: "Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. O Diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida" (Apocalipse 2.10). Temos sido profetas onde Deus nos colocou?
O livro de Jeremias é repleto de narrativas e experiências extraordinárias vividas pelo profeta. Difícil escolher uma. Mas o texto que me sensibiliza é aquele que fala da sua visita à casa do oleiro: "Mas o vaso de barro que ele estava formando estragou-se em suas mãos; e ele o refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade. Então o Senhor dirigiu-me a palavra: "Oh comunidade de Israel, será que eu não posso agir com vocês como fez o oleiro?, pergunta o Senhor. "Como barro nas mãos do oleiro assim são vocês nas minhas mãos, ó comunidade de Israel" (Jeremias 18.4-6).
O primeiro fato que chama a minha atenção é a maneira como Deus convoca Jeremias: "Vá à casa do oleiro e lá você ouvirá a minha mensagem" (Jeremias 18.2). Deus nos fala onde, como e quando ele quer. O primeiro passo é a obediência. Um segundo fato que chamou a minha atenção nesse texto, é que Deus age de muitas maneiras. Jeremias precisa aprender sobre o ofício do oleiro. Primeiramente, Deus lhe mostrou o que gostaria de fazer na sua vida e na vida do povo, para depois lhes dizer o que queria que fizessem.
Muitas vezes, queremos ouvir a voz de Deus a respeito de uma determinada situação antes mesmo de saber o que Deus quer de nós. O barro só pode ser moldado enquanto estiver fresco. Depois de endurecer, qualquer impacto acaba quebrando-o. A grande lição que aprendemos na visita de Jeremias à casa do oleiro, é que Deus quer nos moldar antes de nos punir. Se endurecemos, pagaremos o preço pela desobediência. Se nos deixamos moldar, seremos abençoados.
O capítulo final de Jeremias é como uma repetição de 2Reis 24.18-20 e 25.1-21, 25-30. Relata o estado de sítio e a captura de Jerusalém, a prisão do rei Zedequias e a reabilitação de Joaquim. Muitos comentaristas consideram esse capítulo uma adição ao livro, com o propósito de mostrar que as profecias de Jeremias se cumpriram. Jerusalém foi tomada e queimada, o rei Zedequias foi preso e seus filhos foram mortos como Jeremias profetizou.