9/09/2011

Genesis

Gênesis” significa “origem” ou “nascimento”. É um nome apropriado para o livro que conta como o Universo veio à existência, como a Terra foi preparada para a habitação humana e como o homem veio a morar nela. Moisés escreveu esse livro no deserto do Sinai, e possivelmente terminou sua escrita em 1513 AEC.

O livro de Gênesis nos fala sobre o mundo antes do Dilúvio, o que aconteceu no início da era pós-diluviana e como Deus lidou com Abraão, Isaque, Jacó e José. Este artigo analisará alguns destaques de Gênesis 1:1-11:9, basicamente até o tempo em que Yehowah começou a lidar com o patriarca Abraão.

O MUNDO ANTES DO DILÚVIO
(Gênesis 1:1-7:24)

As palavras “no princípio”, que abrem o livro de Gênesis, remontam a bilhões de anos. Os acontecimentos nos seis “dias” criativos, ou períodos de obras criativas especiais, são descritos como se tivessem sido vistos por um observador humano presente na Terra. Perto do fim do sexto dia, Deus criou o homem. Embora o Paraíso logo tenha sido perdido por causa da desobediência do homem, Deus ofereceu esperança. A primeira profecia da Bíblia fala de um “descendente” que anularia os efeitos do pecado e machucaria a cabeça de Satanás.

Nos 16 séculos seguintes, Satanás conseguiu desviar de Deus todos os humanos, exceto uns poucos fiéis, como Abel, Enoque e Noé. Por exemplo, Caim assassinou seu irmão justo, Abel. ‘Principiou-se a invocar o nome de Yehowah’, pelo visto, de modo profano. Refletindo o espírito violento daqueles dias, Lameque compôs um poema sobre como ele matou um jovem, alegadamente em defesa própria. As condições pioraram quando desobedientes filhos angélicos de Deus tomaram mulheres como esposas e tiveram filhos gigantes e violentos, chamados nefilins. No entanto, o fiel Noé construiu uma arca, avisou corajosamente outros sobre o iminente Dilúvio, e escapou da devastação junto com a família.

Auxílio na compreensão bíblica:

1:16 — Como Deus podia produzir luz no primeiro dia, se os luzeiros só foram feitos no quarto dia? A palavra hebraica traduzida “fazer”, no versículo 16, não é a mesma que a palavra para “criar”, usada em Gênesis, capítulo 1, versículos 1, 21 e 27. “Os céus”, que incluíam os luzeiros, foram criados muito antes de o “primeiro dia” sequer começar. Mas a luz desses luzeiros não atingia a superfície da Terra. No primeiro dia “veio a haver luz” porque a luz difusa passou a atravessar as camadas de nuvens e tornou-se visível na Terra. Com isso, à medida que girava, a Terra passou a ter dia e noite. (Gênesis 1:1-3, 5) As fontes dessa luz ainda eram invisíveis da Terra. No entanto, durante o quarto período criativo, aconteceu uma mudança notável. O Sol, a Lua e as estrelas passaram então a ‘iluminar a terra’. (Gênesis 1:17) “Deus passou a faz[ê-los]” no sentido de que passaram a ser vistos da Terra.

3:8 — Deus falava diretamente a Adão? A Bíblia revela que, quando Deus falava a humanos, muitas vezes fazia isso por meio de um anjo. (Gênesis 16:7-11; 18:1-3, 22-26; 19:1; Juízes 2:1-4; 6:11-16, 22; 13:15-22) O principal porta-voz de Deus era seu Filho unigênito, chamado de “a Palavra”. (João 1:1) É bem provável que Deus tenha falado com Adão e Eva por meio dessa “Palavra”. — Gênesis 1:26-28; 2:16; 3:8-13.

3:17 — Em que sentido o solo foi amaldiçoado, e por quanto tempo? A maldição lançada sobre o solo significava que seu cultivo passaria a ser muito difícil. Os efeitos do solo amaldiçoado, com espinhos e abrolhos, foram sentidos de maneira tão intensa pelos descendentes de Adão, que o pai de Noé, Lameque, falou da “dor das nossas mãos, que resulta do solo que Yehowah amaldiçoou”. (Gênesis 5:29) Depois do Dilúvio, Yehowah abençoou Noé e seus filhos, e declarou Seu propósito de que eles enchessem a Terra. (Gênesis 9:1) Pelo visto, a maldição de Deus sobre o solo foi revogada. — Gênesis 13:10.

4:15 — Como Yehowah ‘estabeleceu um sinal para Caim’? A Bíblia não diz que Caim tenha recebido um sinal ou uma marca no corpo. O sinal provavelmente era um decreto solene, conhecido e obedecido por outros, que visava impedir que ele fosse morto por vingança.

4:17 — Onde Caim conseguiu sua esposa? Adão “se tornou pai de filhos e de filhas”. (Gênesis 5:4) Assim, Caim tomou uma de suas irmãs ou talvez uma sobrinha como esposa. Mais tarde, a Lei de Deus para os israelitas proibiu o casamento entre irmãos biológicos. — Levítico 18:9.

5:24 — De que modo Deus ‘tomou Enoque’? Pelo visto, Enoque corria perigo de vida, mas Deus não permitiu que sofresse às mãos de seus inimigos. “Enoque foi transferido para não ver a morte”, escreveu o apóstolo Paulo. (Hebreus 11:5) Isso não significa que Deus o tenha levado para o céu, onde continuou a viver. Jesus foi o primeiro a ir para o céu. (João 3:13; Hebreus 6:19, 20) O fato de Enoque ser “transferido para não ver a morte” pode significar que Deus o pôs num transe profético e então encerrou sua vida enquanto ele estava nessa condição. Em tais circunstâncias, Enoque não sofreu nada, nem ‘viu a morte’, às mãos de seus inimigos.

6:6 — Em que sentido pode-se dizer que Yehowah “deplorou” ter feito o homem? A palavra hebraica traduzida “deplorou” neste versículo refere-se a uma mudança de atitude ou de intenção. Yehowah é perfeito e por isso não errou em criar o homem. No entanto, mudou de atitude mental para com a perversa geração pré-diluviana. Deixou de agir como Criador dos humanos para ser o destruidor deles, por estar desgostoso com sua iniquidade. O fato de ele ter preservado alguns humanos mostra que sua deploração se restringia aos que se haviam tornado iníquos. — 2 Pedro 2:5, 9.

7:2 — Em que se baseava a distinção entre animais limpos e não limpos? A base da distinção evidentemente tinha que ver com o uso de sacrifícios na adoração, e não com o que se podia ou não comer. A carne não fazia parte da alimentação do homem antes do Dilúvio. As classificações “puro” e “impuro” para alimentos só surgiram com a Lei mosaica, e acabaram quando ela foi abolida. (Atos 10:9-16; Efésios 2:15) Pelo visto, Noé sabia o que era apropriado como sacrifício na adoração de Yehowah. Assim que saiu da arca, ele “começou a construir um altar a Jeová e a tomar alguns de todos os animais limpos, e de todas as criaturas voadoras limpas, e a fazer ofertas queimadas sobre o altar”. — Gênesis 8:20.

7:11 — Donde veio a água que causou o Dilúvio global? Durante o segundo período, ou “dia”, criativo, quando foi formada a “expansão” atmosférica da Terra, havia águas “debaixo da expansão” e águas “por cima da expansão”. (Gênesis 1:6, 7) As águas “debaixo” eram as que já havia na Terra. As águas “por cima” eram enormes quantidades de umidade suspensas acima da Terra, formando uma “vasta água de profundeza”. Essas águas caíram sobre a Terra nos dias de Noé.

Lições para nós:

1:26. Por serem feitos à imagem de Deus, os humanos têm a capacidade de refletir atributos divinos. Nós certamente devemos procurar cultivar qualidades como amor, misericórdia, benignidade, bondade e paciência, refletindo Aquele que nos fez.

2:22-24. O casamento foi instituído por Deus. O vínculo matrimonial é permanente e sagrado, e o marido atua como cabeça da família.

3:1-5, 16-23. A felicidade depende de reconhecermos a soberania de Deus em nossa própria vida.

3:18, 19; 5:5; 6:7; 7:23. A palavra de Deus sempre se cumpre.

4:3-7. Yehowah se agradou da oferta de Abel porque ele era justo e tinha fé. (Hebreus 11:4) Por outro lado, conforme indicado por suas ações, Caim não tinha fé. Suas ações eram iníquas, marcadas por inveja, ódio e assassinato. (1 João 3:12) Além disso, ele provavelmente deu muito pouca importância à sua oferta e limitou-se a apresentá-la de maneira mecânica. Não é verdade que nossos sacrifícios de louvor a Deus devem ser feitos de todo o coração com atitude e conduta corretas?

6:22. Embora a construção da arca tenha levado muitos anos, Noé fez exatamente o que Deus lhe havia ordenado. Por isso, ele e sua família foram preservados durante o Dilúvio. Yehowah nos fala por meio da sua Palavra escrita e fornece orientação por meio dos que estão na dianteira do seu povo. Somos beneficiados por ouvir e obedecer.

7:21-24. Deus não destrói os justos com os iníquos.

A HUMANIDADE ENTROU NUMA NOVA ERA
(Gênesis 8:1-11:9)

Com o desaparecimento do mundo pré-diluviano, a humanidade entrou numa nova era. O homem recebeu permissão de comer carne, mas com a ordem de abster-se do sangue. Yehowah autorizou a pena de morte por assassinato e fez o pacto do arco-íris, prometendo nunca mais trazer um Dilúvio. Os três filhos de Noé tornaram-se os progenitores de toda a raça humana, mas o seu bisneto Ninrode tornou-se “poderoso caçador em oposição a Yehowah”. Em vez de se espalharem para povoar a Terra, os homens decidiram construir uma cidade chamada Babel e uma torre para ganhar fama. Suas intenções foram frustradas quando Yehowah causou uma confusão no idioma e os espalhou pela Terra.

Auxílio na compreensão bíblica:

8:11 — Se as árvores foram arruinadas pelo Dilúvio, onde a pomba conseguiu a folha de oliveira? Há duas possibilidades. Visto que a oliveira é uma árvore bastante resistente, ela pode ter continuado viva sob a água por alguns meses durante o Dilúvio. Quando as águas do Dilúvio baixassem, uma oliveira submersa ficaria novamente em terreno seco e poderia brotar. A folha de oliveira que a pomba levou a Noé também pode ter sido tirada dum broto que surgiu depois que as águas do Dilúvio baixaram.

9:20-25 — Por que Noé amaldiçoou Canaã? É bem provável que Canaã fosse culpado de algum abuso ou perversão contra o seu avô, Noé. Embora o pai de Canaã, Cã, tivesse presenciado isso, ele não interferiu, mas parece ter espalhado a história. No entanto, Sem e Jafé, os outros dois filhos de Noé, cobriram seu pai. Por esse motivo, eles foram abençoados, mas Canaã foi amaldiçoado, e Cã sofreu em resultado da vergonha imposta ao seu descendente.

10:25 — Como a terra foi “dividida” nos dias de Pelegue? Pelegue viveu de 2269 a 2030 AEC. Foi “nos seus dias” que Yehowah causou uma grande divisão por confundir o idioma dos construtores de Babel e espalhá-los por toda a superfície da Terra. (Gênesis 11:9) Dessa maneira, “foi dividida a terra”, ou a população da Terra, nos dias de Pelegue.

Lições para nós:

9:1; 11:9. Nenhum plano ou esforço humano pode frustrar o propósito de Deus.

10:1-32. Os dois registros de genealogia relacionados com o relato do Dilúvio — capítulos 5 e 10 — ligam toda a raça humana com o primeiro homem, Adão, por meio dos três filhos de Noé. Os assírios, os caldeus, os hebreus, os sírios e algumas tribos árabes são descendentes de Sem. Os etíopes, os egípcios, os cananeus e algumas tribos africanas e árabes descenderam de Cã. Os indo-europeus são descendentes de Jafé. Todos os humanos são aparentados e todos são iguais diante de Deus. (Atos 17:26) Essa verdade tem de influenciar nosso modo de encarar e tratar os outros.

A Palavra de Deus pode exercer poder:

A primeira parte do livro de Gênesis contém o único relato exato da primitiva história humana. Por meio dessas páginas conseguimos compreender o propósito de Deus de colocar o homem na Terra. É muito reanimador ver que nenhum esforço humano, como os de Ninrode, por exemplo, pode impedir seu cumprimento! — Hebreus 4:12.

9/07/2011

exodo

Êxodo quer dizer "saída", e este livro trata do acontecimento mais importante da história do povo de Israel, isto é, a saída dos israelitas do Egito, onde eram escravos. O livro tem quatro partes principais: 1) A libertação dos hebreus; 2) a viagem até o monte Sinai; 3) o acordo de Deus feito com o seu povo no monte Sinai, onde Deus lhe deu as leis morais, civis e religiosas; 4) a construção de um lugar de adoração para o povo de Israel e as leis a respeito do sacerdócio e da adoração de Deus.

Acima de tudo, este livro descreve o que Deus fez, como ele libertou o seu povo e como, daquela gente, ele formou uma nação cheia de esperança no futuro.

A figura humana central do livro é Moisés, o homem a quem Deus escolheu para tirar o seu povo do Egito. No capítulo 3 lemos como Deus chamou Moisés e lhe revelou o seu nome sagrado "EU SOU QUEM SOU". O trecho mais conhecido do livro é a lista dos dez mandamentos, no capítulo 20.

Segundo Livro do Antigo Testamento.

Autor: Moisés, por volta de 1.440 A.C.

Período histórico abrangido: desde a provação dos filhos de Israel no Egito, passando pela saída (êxodo) para a terra prometida até os acontecimentos da caminhada do povo no deserto (1.446 A.C.).

Total de Capítulos: 40

Em Êxodo estão registrados os maiores milagres do AT, como:

1A sarça ardente que não se consome (Ex 3)

2 Poderes divinos concedidos a Moisés (Ex 4)

3 As dez pragas sobre o Egito (Ex 7-12)

4 A passagem do Mar Vermelho (Ex 14.15-31)

5 O Maná e as provisões alimentares no deserto (Ex 16)

Personagens principais: Deus (Libertador), Faraó, Moisés (líder do povo), Arão (sacerdote).


9/03/2011

Levítico

AutorO Livro de Levítico é o terceiro livro das Escrituras Hebraicas do AT atribuídos a Moisés. Em 1.1, o texto se refere à palavra do Senhor, que foi proferida a Moisés do tabernáculo da assembléia; isso forma a base de todo este livro das Escrituras. Os sacerdotes e levitas preservaram seu conteúdo.
DataOs sábios datam o Livro de Levítico da época das atividades de Moisés (datando mais antigamente no séc. XV aC e a última alternativa no séc. XII aC) até a época de Esdras, durante o retorno (séc.VI aC). A aceitação da autoria mosaica para Levítico dataria sua escrita por volta de 1445 aC. O livro descreve o sistema de sacrifícios e louvor que precede a época de Esdras e relembra a instituição do sistema de sacrifícios. O livro contém pouca informação histórica que forneceria uma data exata.
Contexto HistóricoA teologia do Livro de Levítico liga a idéia de santidade à vida cotidiana. Ela vai além do assunto de sacrifício, embora o cerimonial do sacrifício e a obra dos sacerdotes sejam explicados com grande cuidado. O conceito de santidade afeta não somente o relacionamento que cada indivíduo tem com Deus, mas também o relacionamento de amor e respeito que cada pessoa deve ter com o seu próximo. O código de santidade permeia a obra porque cada indivíduo deve ser puro, pois Deus é puro e porque a pureza de cada indivíduo é a base da santidade de toda a comunidade do concerto. O ensinamento de Jesus Cristo—”Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12)- reflete o texto de Lv 19.18, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
ConteúdoEm hebraico, o Livro de Levítico recebeu o nome de Vayikra, que significa “E ele chamou”. O título hebraico é tirado da primeira palavra do livro, que era uma forma costumeira de dar nome às obras antigas. O título “Levítico “ é derivado da versão grega da obra e significa “assuntos pertencentes aos levitas”. O título é um pouco enganoso, uma vez que o livro lida com muito mais assuntos relacionados à pureza, santidade, todo o sacerdócio, a santidade de Deus e a santidade na vida cotidiana. A palavra “santo” aparece mais de oitenta vezes no livro.Algumas vezes, o Livro de Levítico tem sido encarado como uma obra de difícil compreensão; entretanto, de acordo com a tradição primitiva, foi o primeiro livro a ser ensinado para as crianças na educação judaica. Ele lida com o caráter e a vontade de Deus especialmente em assuntos de santidade, que os sábios judeus consideravam de importância primária. Eles sentiram que, antes de proceder a outros texto bíblicos, as crianças deveriam, antes de mais nada, ser educadas sobre a santidade de Deus e a responsabilidade de cada indivíduo pra viver uma vida santa. A Santidade (hebr. Kedushah) é uma palavra-chave em Levítico, descrevendo a santidade da presença divina. A santidade está sendo separada do profano, e santo é oposto do comum ou secular.Outro tema principal do Livro de Levítico é o sistema sacrificial. Os holocaustos (hebr.olah) referem-se ao único sacrifício que é totalmente consumido sobre o altar e, portanto, algumas vezes é chamado de oferta queimada. As ofertas de manjares (hebr. Minchah) são uma oferta de tributo feita a fim de garantir ou manter o favor divino, indicando que os frutos do trabalho de uma pessoa devem ser dedicados a Deus. Os sacrifícios de paz ou das graças (hebr.shelamim) são designados para fornecer expiação e permitem que a pessoa que faz a oferta como da carne do sacrifício. Isso costumava acontecer em ocasiões de alegria. O sacrifício pelos erros (hebr.chatta’t) é empregado para tirar a impureza do santuário. O sacrifício pelo sacrilégio (hebr. Asham), também conhecido como oferta pela culpa ou oferta de compensação, é preparado para a violação da santidade da propriedade de Deus ou de outras pessoas, normalmente pelo uso de um falso testemunho. Os erros profanaram a santidade de Deus e é exigida uma oferta.Além dos sacrifícios, o calendário litúrgico tem uma posição significativa no Livro de Levítico. O Ano de Descanso refere-se à emancipação dos escravos israelitas e pessoa endividadas, bem como à redenção da terra (ver também Ex 21.2-6; 23.10,11; Dt 15.1-18). O Ano de Jubileu refere-se ao fato de que as terras de Israel, bem como o povo, pertencem a Deus e não a qualquer indivíduo. As terras, portanto, devem ter um descanso depois de cada período de quarenta e nove anos (Lv 25.8-17), o que ensina o domínio de Deus, a santidade de seu caráter e a necessidade de a congregação se aproximar dele com pureza de coração e mente.
Cristo ReveladoCristo não é especificamente mencionado em Levítico. Entretanto, o sistema de sacrifícios e o sumo sacerdote no Livro de Levítico são tipos que retratam a obra de Cristo. O Livro de Hebreus descreve Cristo como o sumo sacerdote e usa o texto de Levítico como base para ilustrar a sua obra. Alguns usaram formas extremas de alegoria do Livro de Levítico a fim de revelar Cristo, entretanto, esse método de interpretação bíblica deve ser cautelosamente usado a fim de garantir que o significado original histórico e cultural sejam preservados. O Livro de Levítico enfoca a vida e o louvor do antigo povo de Israel.
O Espírito Santo em AçãoApesar de o termo “Espírito Santo” nunca ser mencionado no Livro, a presença de Deus é sentida em todo o livro. A santidade do caráter de Deus é constantemente mencionada na designação de santidade às ações e louvor do povo. Ele não é visto como nos cultos pagãos da época em que os ídolos eram venerados, mas está no meio das pessoas, à medida que elas o louvam. Elas devem ser santas como Ele é santo.
Esboço de Levítico
I. A descrição do sistema de sacrifícios 1.1-7.38
Os holocaustos 1.1-17As ofertas de manjares 2.1-6Os sacrifícios de paz ou das graças 3.1.17A Expiação do pecado 4.1-5.13O sacrifício pelo sacrilégio 5.14-6.7Outras instruções 6.8-7.38
II. O serviço dos sacerdotes no santuário 8.1-10.20
A ordenação de Arão e seus filhos 8.1-36Os sacerdotes tomam posse 9.1-24O pecado de Nadabe e Abiú 10.1-11O pecado de Eleazar e Itamar 10.12-20
III. As leis das impurezas 11.1-16.34
Imundícias dos animais 11.1-47Imundícias do parto 12.1-8Imundícias da pele 13.1-14.57Imundícias de emissão 15.1-33Imundícias morais 16.1-34
IV. O código de Santidade 17.1-26.46
Matando por alimento 17.1-16Sobre ser sagrado 18.1-20.27Leis para sacerdotes e sacrifícios 21.1– 22.33Dias santos e festas religiosas 23.1-44Leis para elementos sagrados de louvor 24.1-9Punição para blasfêmia 24.10-23Os Anos do Descanso e do Jubileu 25.1-55Bênçãos por obediência e punição por desobediência 26.1-46
V. Ofertas para o santuário 27.1-34
Fonte: Bíblia Plenitude

8/28/2011

Números

O livro de Números deriva seu nome em nossas Bíblias em português, como nas versões latina e grego, dos dois censos nele narrados. Em realidade, o livro forma uma divisão de um conjunto maior, o Pentaceuco. Entre os escribas judeus ele era conhecido principalmente pelo nome de "no deserto", que em hebraico é uma só palavra, "bemidbar", título tomado do primeiro versículo. É um título apropriado, de vez que o tema do livro gira em torno das vicissitudes e vitórias do povo de Israel desde o dia em que deixou a zona zul do Sinai até chegar às fronteiras da Terra Prometida.

O livro de Números parece, às vezes, constituir uma coleção não muito estruturada de informações, narrativas e rituais ou lei civil. Contudo, estas informações são sempre pertinentes à história, ao passo que os pronunciamentos legais surgem, com frequência, das exigências da situação na vida, tal como a autorização para celebrar uma páscoa especial (9:1-14) em circunstâncias que impediam a observância da páscoa regular; ou o pedido das filhas de Zelofeade (27:1-11) cujo resultado foi que Deus estabeleceu medidas para a herança das filhas quando não houver filho sobrevivente.

No aspecto histórico, o livro de Números começa onde termina o Êxodo, dando lugar necessariamente às seções de narrativas dispersas de Levítico. Abrange um período de aproximadamente 40 anos na história da caminhada de Israel sobre a Palestina. Conquanto estes anos descrevam, em geral, a peregrinação, é evidente que o povo residiu ao sul de Canaã, principalmente na zona conhecida como o Neguebe, não muito distante de Cades- Barnéia, durante 37 anos. No decorrer desse período, o tabernáculo foi o ponto central tanto da vida civil como da religiosa, visto como era aqui onde Moisés exercia suas funções administrativas. Presume-se que o povo seguia os costumes dos povos nômades, vivendo em tendas e apascentando os rebanhos nas estepes semi-áridas. Nestas circunstâncias, o povo necessitava da provisão especial divina de alimentos e água.

No livro de Números, Deus é apresentado como um soberano que exige absoluta obediência à sua santa vontade, mas que também demonstra misericórdia ao penitente e obediente. Assim como o pai educa e castiga os filhos. Deus dirige a Israel, seu povo amado. Escolhe entender-se com o homem servindo-se de mediadores. Destes, Moisés é único, embora outros talvez estejam dotados de dons proféticos e até mesmo um pagão, Balaão, pode ser usado, visto como Deus é o Deus dos espíritos e de toda a carne.

No Novo Testamento se encontram diversas referências ao livro de Números, em que o livramento do Egito é considerado como modelo terreno da redenção eterna. Afirma-se que as experiências no deserto estão registradas para nossa admoestação (I Coríntios 10:11). Nosso Senhor Jesus Cristo referiu-se ao incidente da serpente de bronze como ilustração da forma em que ele próprio será levantado a fim de que os que crêem nele não pereçam mas tenham a vida eterna.

AUTOR
Tanto judeus como cristãos tradicionalmente têm considerado Moisés o autor do livro de Números. Considerando que o período mosaico é, quando menos, de 1300 anos antes de Cristo, o livro, em sua forma atual, passou por muitas mãos, e mesmo no hebraico tem sido transcrito de um tipo de escritura para outro. Sem dúvida, existem aqui e acolá adições redatoriais. Expoentes extremos da crítica literária têm procurado negar que Moisés pudesse ter escrito qualquer parte do livro, e têm procurado dividi-lo em documentos que datam de períodos diferentes da história de Israel. Todavia, os descobrimentos arqueológicos têm demonstrado a antiguidade das leis, das instituições e das condições de vida descritas no livro de Números. A opinião de que o livro de Números procede da pena de Moisés e do período no qual ele viveu é apoiada, também, pela profunda veneração que os judeus tinham por Moisés e pelos escritos sagrados a ele

8/27/2011

Deuteronômio

O nome Deuteronômio deriva-se do título da tradução grega Septuaginta, a saber, Deu·te·ro·nó·mi·on, nome composto formado de deú·te·ros, que significa “segundo”, e de nó·mos, “lei.” Significa, portanto, “Segunda Lei; Repetição da Lei”. Vem da tradução grega da frase hebraica em Deuteronômio 17:18, mish·néh hat·toh·ráh, corretamente traduzida ‘cópia da lei’. Não obstante o significado do nome Deuteronômio, este livro da Bíblia não é uma segunda lei, tampouco é mera repetição da Lei. Em vez disso, é uma explicação da Lei, que exorta Israel a amar e a obedecer a Deus na Terra Prometida em que entraria em breve. 1:5.

Visto que este é o quinto rolo, ou volume, do Pentateuco, o escritor deve ter sido o mesmo que o dos quatro livros precedentes, a saber, Moisés. A declaração inicial identifica Deuteronômio como sendo “as palavras que Moisés falou a todo o Israel”, e expressões posteriores, tais como “Moisés escreveu . . . esta lei” e “Moisés escreveu este cântico”, provam claramente que ele foi o escritor. O nome dele aparece quase 40 vezes no livro, em geral como a autoridade para as declarações feitas. A primeira pessoa, referindo-se a Moisés, é usada predominantemente em todo o livro. Os versículos concludentes foram acrescentados depois da morte de Moisés, com toda a probabilidade por Josué ou pelo sumo sacerdote Eleazar. 1:1; 31:9, 22, 24-26.

Quando ocorreram os eventos contidos em Deuteronômio? O próprio livro declara no início que, “no quadragésimo ano, no décimo primeiro mês, no primeiro dia do mês, . . . Moisés falou aos filhos de Israel”. Ao se completar a narrativa em Deuteronômio, o livro de Josué continua o relato três dias antes da travessia do Jordão, que se deu “no décimo dia do primeiro mês”. (Deut. 1:3; Jos.1:11; 4:19) Isto deixa um período de dois meses e uma semana para os eventos de Deuteronômio. Entretanto, 30 dias deste período de nove semanas foram reservados para prantear a morte de Moisés. (Deut. 34:8) Isto significa que, a bem dizer, todos os eventos relatados em Deuteronômio devem ter ocorrido no 11° mês do 40° ano. Perto do fim daquele mês, deve ter-se praticamente completado também a escrita do livro, ocorrendo a morte de Moisés em princípios do 12.° mês do 40° ano, em cerca de 1405 a.C..

As provas já apresentadas da autenticidade dos primeiros quatro livros do Pentateuco aplicam-se igualmente a Deuteronômio, o quinto livro. É também um dos quatro mais citados livros das Escrituras Hebraicas nas Escrituras Gregas Cristãs, sendo os outros Gênesis, Salmos e Isaías. Há 83 de tais citações, e apenas seis dos livros das Escrituras Gregas Cristãs deixam de fazer alusão a Deuteronômio.

O próprio Jesus dá o mais convincente testemunho da autenticidade de Deuteronômio. No início de seu ministério, foi tentado três vezes pelo Diabo, e três vezes replicou: “Está escrito.” Onde estava escrito? No livro de Deuteronômio (8:3; 6:16, 13) que Jesus citava como autoridade: “O homem tem de viver, não somente de pão, mas de cada pronunciação procedente da boca de Deus.” “Não deves pôr o Senhor, teu Deus, à prova.” “É ao Senhor, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado.” (Mat. 4:1-11) Mais tarde, quando os fariseus vieram prová-lo com respeito aos mandamentos de Deus, Jesus citou em resposta “o maior e primeiro mandamento”, de Deuteronômio 6:5. (Mat. 22:37, 38; Mar. 12:30; Luc. 10:27) O testemunho de Jesus atesta irrefutavelmente a autenticidade de Deuteronômio.

Além do mais, os eventos e as declarações escritas no livro estão em perfeita harmonia com a situação histórica e com o contexto. As referências feitas ao Egito, a Canaã, a Amaleque, a Amom, a Moabe e a Edom correspondem à época, e os nomes de lugares são declarados com exatidão. A arqueologia continua a apresentar prova sobre prova da integridade dos escritos de Moisés. Henry H. Halley escreve: “A Arqueologia, ultimamente, vem falando tão alto que está causando uma reação decidida em prol do ponto de vista conservador [de que Moisés escreveu o Pentateuco]. A teoria de que a escrita era desconhecida nos dias de Moisés já foi pelos ares, de modo completo. E cada ano, no Egito, Palestina e Mesopotâmia, estão-se escavando evidências tanto em inscrições como em camadas de terra, de que as narrativas do Antigo Testamento tratam de verdadeiros fatos históricos. E os ‘eruditos’, decididamente, estão tomando atitude de maior respeito para com a tradição referente à autoria de Moisés.” Assim, mesmo a evidência externa vindica Deuteronômio e todo o Pentateuco como sendo genuínos e autênticos escritos de Moisés, profeta de Deus.

CONTEÚDO DE DEUTERONÔMIO

O livro compõe-se principalmente de uma série de discursos que Moisés proferiu perante os filhos de Israel, nas planícies de Moabe, defronte de Jericó. O primeiro destes discursos termina no capítulo 4, o segundo vai até o fim do capítulo 26, o terceiro continua até o fim do capítulo 28, e um outro discurso se estende até o fim do capítulo 30. A seguir, depois de Moisés tomar providências finais, em virtude da aproximação de sua morte, incluindo comissionar a Josué como seu sucessor, ele escreve um belíssimo cântico de louvor a Deus, seguido de bênção sobre as tribos de Israel.

Primeiro discurso de Moisés (1:1-4:49). Este constitui uma introdução histórica daquilo que vem em seguida. Primeiro, Moisés recapitula os fiéis tratos de Deus com o Seu povo. Moisés manda este ir tomar posse da terra prometida a seus antepassados, Abraão, Isaque e Jacó. Relembra como Deus, no início da viagem pelo ermo, coordenou a atividade desta comunidade teocrática, fazendo com que Moisés selecionasse homens sábios, discretos e experientes para agirem como chefes de grupos de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. Havia uma organização extraordinária, supervisionada por Deus, ao passo que Israel ‘ia marchando através de todo aquele grande e atemorizante ermo’. 1:19.

Moisés lhes faz lembrar agora o pecado de rebelião que cometeram, quando deram ouvidos ao relatório dos espias que haviam voltado de Canaã e queixaram-se, dizendo que Deus os odiava por tê-los tirado do Egito, segundo o acusaram, só para os abandonar às mãos dos amorreus. Por demonstrarem falta de fé, Deus declarou àquela geração má que nenhum dentre eles, exceto Calebe e Josué, veria aquela boa terra. Com isso, agiram novamente de modo rebelde, ficando agitados e fazendo a sua própria investida independente contra o inimigo, só para serem rechaçados e dispersos pelos amorreus como um enxame de abelhas.

Viajaram através do ermo, indo em direção ao mar Vermelho, e, no decorrer de 38 anos, morreu toda a geração dos homens de guerra. Deus ordenou-lhes então que passassem para o outro lado e tomassem posse do país ao norte do Árnon, dizendo: “Neste dia principiarei a pôr o pavor de ti e o temor de ti diante dos povos debaixo de todos os céus, os quais ouvirão a notícia a teu respeito; e ficarão deveras agitados e terão dores semelhantes às de parto, por tua causa.” (2:25) Síon e sua terra caíram às mãos dos israelitas, e daí o reino de Ogue foi ocupado. Moisés assegurou a Josué que Deus lutaria por Israel do mesmo modo, para derrotar todos os reinos. Daí, Moisés perguntou a Deus se ele próprio poderia de alguma forma entrar na boa terra, além do Jordão, mas Deus continuou a recusar isto, dizendo-lhe que comissionasse, encorajasse e fortalecesse a Josué.

Moisés dá agora grande ênfase à Lei de Deus, advertindo contra aumentar ou diminuir Seus mandamentos. A desobediência trará calamidades: “Apenas guarda-te e cuida bem da tua alma, para que não te esqueças das coisas que teus olhos viram e para que não se afastem de teu coração todos os dias da tua vida; e tens de dá-los a conhecer a teus filhos e a teus netos.” (4:9) Quando Deus lhes declarou as Dez Palavras em circunstâncias temíveis, em Horebe, não viram nenhuma forma. Será desastroso para eles voltarem-se agora para a idolatria e adorarem imagens, pois, conforme Moisés diz: “O Senhor, teu Deus, é um fogo consumidor, um Deus que exige devoção exclusiva.” (4:24) Foi ele quem amou a seus antepassados e os escolheu. Não há outro Deus nos céus acima ou na terra embaixo. Moisés exorta à obediência a Ele, “para que prolongues os teus dias no solo que O Senhor, teu Deus, te dá, para sempre”. 4:40.
Depois de concluir este poderoso discurso, Moisés passa a escolher, ao leste do Jordão, a Bezer, Ramote e Golã como cidades de refúgio.

Segundo discurso de Moisés (5:12-6:19). Este discurso é um convite para que Israel ouça a Deus que lhe falou face a face em Sinai. Note como Moisés repete a Lei com alguns ajustes necessários, adaptando-a assim à nova vida do povo do outro lado do Jordão. Não se trata de mera repetição dos regulamentos e das ordenanças. Cada palavra mostra que o coração de Moisés está cheio de zelo e de devoção a seu Deus. Ele fala para o bem daquela nação. O livro inteiro acentua a obediência à Lei uma obediência proveniente de um coração cheio de amor, não sob compulsão.

Primeiro, Moisés repete as Dez Palavras, os Dez Mandamentos, e diz a Israel que os observe, não se desviando nem para a direita nem para a esquerda, a fim de prolongar os seus dias na terra e se tornar numeroso. “Escuta, ó Israel: O Senhor, nosso Deus, é um só Deus.” (6:4) Israel precisa amar a Deus de coração, alma e força vital, e deve ensinar a seus filhos e lhes falar dos grandes sinais e milagres que Deus realizou no Egito. Não deve fazer alianças matrimoniais com os cananeus idólatras. Deus escolheu Israel para se tornar sua propriedade especial, não por ser numeroso, mas porque o ama e guardará a declaração juramentada que fez a seus antepassados. Israel precisa evitar o laço da religião demoníaca, precisa destruir as imagens que se acham no país e apegar-se a Deus, que é realmente “um Deus grande e atemorizante”. 7:21.

Deus humilhou os israelitas por 40 anos no ermo, ensinando-lhes que o homem vive não só de maná ou de pão, mas de toda expressão que sai da boca de Deus. Durante todos aqueles anos de correção, a roupa deles não se gastou, tampouco os seus pés se incharam. Agora estão prestes a entrar na terra de riqueza e fartura! Entretanto, precisam guardar-se dos laços do materialismo e da justiça própria, e lembrar-se de que Deus é ‘o dador de poder para produzir riqueza’ e aquele que desapossa as nações más. (8:18) Moisés recorda então as ocasiões em que Israel provocou a Deus. Os israelitas precisam lembrar-se de que a ira de Deus se acendeu contra eles no ermo por meio de pragas, fogo e morte! Precisam lembrar-se de sua adoração desastrosa do bezerro de ouro, que resultou na ira ardente de Deus e em refazer ele as tábuas da Lei!
(Êx.32:1-10, 35; 17:2-7; Núm.11:1-3, 31-35; 14:2-38) Certamente, precisam agora servir e apegar-se a Deus, que os amou por causa de seus antepassados e os tornou “como as estrelas dos céus em multidão”. Deut. 10:22.

Israel precisa guardar “o mandamento inteiro”, e sem falta obedecer a Deus, amando-o como seu Deus e servindo-o de todo o coração e de toda a alma. (11:8, 13) Deus os amparará e os recompensará se lhe obedecerem. No entanto, precisam aplicar-se e ensinar diligentemente a seus filhos. A escolha colocada diante de Israel é explicitamente declarada: a obediência conduz à bênção, a desobediência, à maldição. Não devem ‘seguir outros deuses’. (11:26-28) Moisés delineia a seguir leis específicas que têm a ver com Israel, ao passo que avança para tomar posse da Terra Prometida. São (1) leis relativas à religião e adoração; (2) leis relativas à administração da justiça, governo e guerra; e (3) leis que regulam a vida privativa e social do povo.

(1) Religião e adoração (12:1-16:17). Quando os israelitas entrarem no país, todo vestígio da religião falsa seus altos, altares, colunas, postes sagrados e suas imagens precisa ser impreterivelmente destruído. Os israelitas precisam adorar unicamente no lugar em que o Senhor, seu Deus, escolher colocar o seu nome, e ali precisam regozijar-se nele, todos eles. Os regulamentos sobre o consumo de carne e sobre sacrifícios incluem lembretes constantes de que não devem comer sangue. “Apenas toma a firme resolução de não comer o sangue . . . Não o deves comer, para que te vá bem a ti e a teus filhos depois de ti, pois farás o que é direito aos olhos de Deus.” (12:16, 23-25, 27; 15:23) Em seguida, Moisés condena bem nitidamente a idolatria. Israel não deve nem mesmo procurar informar-se sobre os caminhos da religião falsa. Caso se prove que um profeta é falso, precisa ser morto, e os apóstatas mesmo que sejam parentes queridos ou amigos, sim, mesmo cidades inteiras precisam ser da mesma forma entregues à destruição. A seguir, vêm os regulamentos sobre alimentos puros e impuros, pagamento dos dízimos e assistência aos levitas. Os interesses dos endividados, dos pobres e dos escravos devem ser protegidos com amor. Finalmente, Moisés faz um retrospecto das festas anuais como ocasiões para agradecer a Deus as bênçãos concedidas: “Três vezes no ano, todo macho teu deve comparecer perante o Senhor, teu Deus, no lugar que ele escolher: na festividade dos pães não-fermentados, e na festividade das semanas, e na festividade das barracas, e ninguém deve comparecer perante Deus de mãos vazias.” 16:16.

(2) Justiça, governo e guerra (16:18-20:20). Em primeiro lugar, Moisés dá as leis referentes a juízes e autoridades. A justiça é coisa de suma importância, pois Deus detesta o suborno e o desvirtuamento do julgamento. Esboça-se o processo quanto a estabelecer a evidência e regulamentar casos jurídicos. “Pela boca de duas ou três testemunhas deve ser morto aquele que há de morrer.” (17:6) Declaram-se as leis relativas a reis. Fazem-se provisões para os sacerdotes e os levitas. O espiritismo é proscrito, visto ser ‘detestável para Deus’. (18:12) Olhando para o futuro distante, Moisés profetiza a vinda do Messias: “Um profeta do teu próprio meio, dos teus irmãos, semelhante a mim, é quem o Senhor, teu Deus, te suscitará a este é que deveis escutar.” (18:15-19) Mas o falso profeta tem de ser morto. Esta parte conclui com leis relativas às cidades de refúgio e vingar sangue, bem como com qualificações para isenção do serviço militar e regulamentos sobre guerra.

(3) A vida privativa e social (21:1-26:19). As leis que dizem respeito à vida cotidiana dos israelitas são apresentadas em questões tais como encontrar uma pessoa que foi morta, casamento com mulheres capturadas, direito do primogênito, filho rebelde, pendurar criminosos na cruz, evidência da virgindade, crimes sexuais, castração, filhos ilegítimos, tratamento dado aos estrangeiros, medidas sanitárias, pagar juros e cumprir votos, divórcio, rapto, empréstimos, salários e respigas após a ceifa. O limite para fustigar um homem deve ser de 40 golpes. O touro não deve ser açaimado quando debulha. Esboça-se o procedimento no caso de casamento com cunhado. Devem ser usados pesos exatos, pois Deus detesta a injustiça.

Antes de concluir este discurso fervoroso, Moisés relembra como Amaleque golpeou pela retaguarda os israelitas exaustos que fugiam do Egito, e Moisés ordena a Israel: “Deves extinguir a menção de Amaleque debaixo dos céus.” (25:19) Quando entrarem no país, deverão oferecer com regozijo os primeiros frutos do solo, e também os dízimos, com a seguinte oração de agradecimento a Deus: “Olha deveras para baixo desde a tua santa habitação, os céus, e abençoa teu povo Israel e o solo que nos deste, assim como juraste aos nossos antepassados, a terra que mana leite e mel.” (26:15) Se cumprirem estes mandamentos de todo o coração e de toda a alma, Deus, de sua parte, os ‘porá alto acima de todas as outras nações que fez, resultando em louvor, e em fama, e em beleza, ao passo que se mostram um povo santo para o Senhor, teu Deus, assim como ele prometeu’. 26:19.

Terceiro discurso de Moisés (27:1-28:68). Neste, os anciãos de Israel e os sacerdotes juntam-se a Moisés quando ele enumera extensamente as maldições da parte de Deus pela desobediência e as bênçãos pela fidelidade. Avisos funestos são dados sobre os temíveis resultados da infidelidade. Se Israel, como seu povo santo, continuar a dar ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, receberá maravilhosas bênçãos, e todos os povos da terra verão que o nome de Deus é invocado sobre ele. Se, ao contrário, deixar de fazer isso, Deus enviará “a maldição, a confusão e a reprimenda”. (28:20) Será acometido de doenças repugnantes, será flagelado pela seca e pela fome; seus inimigos o perseguirão e o escravizarão, e será espalhado e aniquilado da terra. Estas maldições, e ainda mais, lhe sobrevirão se não ‘cuidar em cumprir todas as palavras desta lei que se acham escritas neste livro, de modo a temer este glorioso e atemorizante nome, sim, o Senhor, teu Deus’. 28:58.

Quarto discurso de Moisés (29:1-30:20). Deus faz agora um pacto com Israel em Moabe. Este incorpora a Lei, conforme repetida e explicada por Moisés, o que servirá de guia para Israel ao entrar na Terra Prometida. O juramento solene que acompanha o pacto sublinha as responsabilidades daquela nação. Finalmente, Moisés chama os céus e a terra como testemunhas, pois coloca diante do povo a vida e a morte, a bênção e a maldição, e exorta: “Tens de escolher a vida para ficar vivo, tu e tua descendência, amando ao Senhor, teu Deus, escutando a sua voz e apegando-te a ele; pois ele é a tua vida e a longura dos teus dias, para morares no solo de que Deus jurou aos teus antepassados Abraão, Isaque e Jacó que lhes havia de dar.” 30:19, 20.

Josué é comissionado, e o cântico de Moisés (31:1-32:47). O capítulo 31 relata que, depois de Moisés escrever a Lei e dar instruções relativas à sua leitura pública regular, ele comissiona a Josué, dizendo-lhe que seja corajoso e forte, e, daí, relata que Moisés prepara um cântico comemorativo e completa a escrita das palavras da Lei, bem como toma providências para que ela seja colocada ao lado da arca do pacto de Deus. Depois disso, Moisés enuncia as palavras do cântico perante a congregação inteira como exortação final.

Com quanto apreço Moisés inicia seu cântico, identificando a Fonte revigorante das instruções que recebeu! “Meu ensinamento gotejará como a chuva, minha declaração pingará como o orvalho, como chuvas suaves sobre a relva, e como chuvas copiosas sobre a vegetação. Pois declararei o nome de Deus.” Sim, atribua-se grandeza ao “nosso Deus”, “a Rocha”. (32:2-4) Torne-se conhecida a sua obra perfeita, seus justos caminhos, sua fidelidade, sua justiça e sua retidão. Foi vergonhoso Israel agir ruinosamente, embora Deus o cercasse num deserto vago e uivante, salvaguardando-o como a menina de seu olho e pairando sobre ele como a águia sobre seus filhotes. É graças a ele que seu povo engordou, e Deus o chamou de Jesurum, “Aquele Que É Reto”, mas os israelitas o incitaram ao ciúme com deuses estranhos e se tornaram “filhos em que não há fidelidade”. (32:20) A vingança e a retribuição pertencem a Deus. É ele quem faz morrer e faz viver. Quando afiar a sua espada reluzente e a sua mão segurar o julgamento, tomará deveras vingança de seus adversários. Que confiança isto deve inspirar no seu povo! Conforme diz o cântico, atingindo o seu clímax, é tempo de alegrar-se: “Alegrai-vos, ó nações, com o seu povo.” (32:43) Que poeta no mundo poderia compor uma obra que se aproximasse à beleza excelsa, ao poder e à profundidade de significado deste cântico em louvor a Deus?

A bênção final de Moisés (32:48-34:12). Moisés recebe agora instruções finais concernentes à sua morte, mas ainda não terminou o seu serviço teocrático. Primeiro, precisa abençoar a Israel, e, ao fazer isto, ele enaltece novamente a Deus, o Rei de Jesurum, como que resplandecendo com suas santas miríades. As tribos recebem bênçãos individuais, sendo citadas por nome, e daí Moisés louva a Deus como o Eminente. “O Deus da antiguidade é um esconderijo, e por baixo há os braços que duram indefinidamente.” (33:27) Com coração cheio de apreço, ele fala então as suas palavras finais à nação: “Feliz és, ó Israel! Quem é semelhante a ti, um povo usufruindo salvação em Deus?” 33:29.
Depois de contemplar a Terra Prometida, de cima do monte Nebo, Moisés morre, e Deus o enterra em Moabe, não tendo sido conhecido nem honrado o seu sepulcro até o dia de hoje. Ele viveu até à idade de 120 anos, mas “seu olho não se havia turvado e seu vigor vital não lhe havia fugido”. Deus o usou para realizar grandes sinais e milagres e, conforme relata o último capítulo, não se levantou “em Israel um profeta semelhante a Moisés, a quem Deus conhecia face a face”. 34:7, 10.

TIRANDO PROVEITO PARA OS NOSSOS DIAS

Sendo o livro concludente do Pentateuco, Deuteronômio está em harmonia com tudo o que o precedeu em declarar e santificar o grande nome do Senhor Deus. Só ele é Deus, e exige devoção exclusiva, não tolerando rivalidade por parte de deuses-demônios da adoração religiosa falsa. No dia de hoje, todos os cristãos precisam prestar séria atenção aos grandes princípios por trás da lei de Deus e obedecer-Lhe, a fim de evitarem Sua maldição, quando ele afiar a sua espada reluzente para executar vingança sobre seus adversários. O seu maior e primeiro mandamento precisa tornar-se o marco indicador nas suas vidas: “Tens de amar ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua força vital.” 6:5.

O restante das Escrituras faz freqüentes referências a Deuteronômio para aprofundar nosso apreço pelos propósitos divinos. Além de suas citações para responder ao Tentador, Jesus fez muitas outras referências a esse livro. (Deut.5:16Mat.15:4; Deut.17:6Mat.18:16 e João 8:17) Estas continuam até em Apocalipse, onde o glorificado Jesus adverte finalmente contra aumentar ou diminuir o rolo da profecia de Deus.
(Deut.4:2Ap.22:18) Pedro cita Deuteronômio ao encerrar o seu poderoso argumento de que Jesus é o Cristo e o Profeta maior que Moisés que Deus havia prometido suscitar em Israel. (Deut.18:15-19Atos 3:22, 23) Paulo faz referência a Deuteronômio quanto ao salário dos trabalhadores, investigação cabal que deve ser feita pelo depoimento de testemunhas e instrução dos filhos. Deut.25:4 , 1Cor. 9:8-10 e 1Tim.5:17, 18; Deut. 13:14 e 19:15, 1 Tim. 5:19 e 2 Cor.13:1; Deut. 5:16, Efé. 6:2, 3.

Não só os escritores das Escrituras Cristãs, mas também os servos de Deus dos tempos pré-cristãos receberam instrução e encorajamento de Deuteronômio. Faremos bem em seguir o exemplo deles. Consideremos a obediência implícita de Josué, sucessor de Moisés, em entregar à destruição as cidades conquistadas, durante a invasão de Canaã, não tomando despojo como o fez Acã. (Deut. 20:15-18 e Deut. 21:23Jos.8:24-27, 29) Em obediência à Lei, Gideão eliminou os ‘medrosos e temerosos’ de seu exército. (Deut. 20:1-9 Juí.7:1-11) Foi por fidelidade à lei de Deus que os profetas em Israel e Judá falaram destemida e corajosamente, condenando aquelas nações relapsas. Amós fornece um excelente exemplo disto. (Deut. 24:12-15 Amós 2:6-8) Deveras, há literalmente centenas de exemplos que ligam Deuteronômio com o restante da Palavra de Deus, mostrando assim que é parte integrante e proveitosa de um todo harmonioso.

A própria essência de Deuteronômio exala louvor ao Soberano Senhor Deus. O livro inteiro acentua: ‘Adorem a Deus; rendam-lhe devoção exclusiva.’ Embora a Lei não mais vigore para os cristãos, os princípios por trás dela não foram ab-rogados. (Gál. 3:19) Quantas coisas podem os verdadeiros cristãos aprender deste dinâmico livro da lei de Deus, com o seu ensinamento progressivo, sua franqueza e simplicidade de apresentação! Até mesmo as nações do mundo reconhecem a excelência da lei suprema de Deus, pois incorporaram muitos dos regulamentos de Deuteronômio nos seus próprios códigos de lei. A tabela acompanhante dá exemplos interessantes de leis a que recorreram ou aplicaram em princípio.

Outrossim, esta explicação da Lei chama atenção para o Reino de Deus e aprofunda o apreço por ele. De que modo? O Messias, Jesus Cristo, quando estava na terra, conhecia bem esse livro e o aplicava, conforme revelam as citações precisas que fazia dele. Estendendo o domínio do seu Reino, governará segundo os justos princípios desta mesma “lei”, e todos os que irão abençoar-se nele como o “descendente” (semente) do Reino terão de obedecer a estes princípios. (Gên. 22:18; Deut. 7:12-14) É benéfico e proveitoso começar a obedecer a esses princípios desde já. Longe de ser antiquada, esta “lei”, com 3.500 anos de existência, fala-nos hoje com voz cheia de força, e continuará a fazer isso no prometido e Reino de Deus. Continue a ser santificado o nome de Deus entre seu povo, ao passo que aplica todas as instruções proveitosas do Pentateuco, que tão gloriosamente atinge seu clímax em Deuteronômio uma parte verdadeiramente inspirada e inspiradora de “toda a Escritura”!

8/16/2011

Josué

Deus escolheu Josué como líder dos acontecimentos prestes a ocorrer. Durante os 40 anos passados no ermo, ele foi íntimo colaborador de Moisés. Tem sido “ministro de Moisés desde a sua idade viril”, o que mostra sua aptidão como líder espiritual e líder militar. (Núm. 11:28; Êxo. 24:13; 33:11; Jos. 1:1) Quando Israel saiu do Egito, Josué era capitão dos exércitos de Israel, quando este derrotou os amalequitas. (Êxo. 17:9-14) Na qualidade de companheiro leal de Moisés e valente comandante do exército, era a escolha lógica para representar a tribo de Efraim, quando se escolheu um homem de cada tribo para a perigosa missão de espiar Canaã. A coragem e fidelidade que demonstrou nessa ocasião lhe asseguraram a entrada na Terra Prometida. (Núm. 13:8; 14:6-9, 30, 38) Sim, este Josué, filho de Num, é um “homem em quem há espírito”; um homem que ‘seguiu a Deus integralmente’, um homem “cheio do Espírito de sabedoria”. Não é de admirar que “Israel continuou a servir a Deus todos os dias de Josué”. — Núm. 27:18; 32:12; Deut. 34:9; Jos. 24:31.

Josué não é personagem lendário, mas um servo de Deus, que realmente existiu. Seu nome é mencionado nas Escrituras Gregas Cristãs. (Atos 7:45; Heb. 4:8) É lógico dizer que, assim como Moisés foi usado para escrever sobre os eventos dos seus dias, seu sucessor, Josué, seria usado para escrever os acontecimentos que ele próprio presenciou. Que o livro foi escrito por alguém que presenciou os eventos, demonstra-se em Josué 6:25. A tradição judaica atribui a escrita a Josué, e o próprio livro declara: “Então escreveu Josué estas palavras no livro da lei de Deus.” — Jos. 24:26.
Na ocasião da destruição de Jericó, Josué proferiu uma maldição profética sobre os que reconstruíssem a cidade, que teve cumprimento notável uns 500 anos mais tarde, nos dias de Acabe, rei de Israel. (Jos. 6:26; 1 Reis 16:33, 34) Além do mais, a autenticidade do livro de Josué é confirmada pelas muitas referências que posteriores escritores da Bíblia fazem aos eventos relatados nele. Vez após vez, os salmistas se referem a estes (Sal. 44:1-3; 78:54, 55; 105:42-45; 135:10-12; 136:17-22), assim como Neemias (Nee. 9:22-25), Isaías (Isa. 28:21), o apóstolo Paulo (Atos 13:19; Heb. 11:30, 31) e o discípulo Tiago (Tia. 2:25).
O livro de Josué abrange um período de mais de 20 anos, desde a entrada em Canaã até provavelmente ao ano em que Josué morreu. O próprio nome Josué (em hebraico: Yehoh·shú·a`), que significa “Deus É Salvação”, é perfeitamente adequado, em vista do papel que Josué como líder visível em Israel desempenhou durante a conquista do país. Ele atribuiu toda a glória a Deus, o Libertador. Na Septuaginta, o livro é chamado I·e·soús (o equivalente grego de Yehoh·shú·a`), e é desta palavra que se deriva o nome Jesus. Pelas suas excelentes qualidades de coragem, obediência e integridade, Josué foi realmente um maravilhoso tipo profético de “nosso Senhor Jesus Cristo”. — Rom. 5:1.

CONTEÚDO DE JOSUÉ

O livro se divide de forma natural em quatro partes: (1) a entrada na Terra Prometida, (2) a conquista de Canaã, (3) a distribuição do país e (4) as exortações de despedida de Josué. O relato inteiro é feito de modo vívido e está cheio de episódios dramáticos.

A entrada na Terra Prometida (Josué 1:1–5:12). Sabendo de antemão as provações à frente, Deus de início encoraja a Josué e lhe dá bom conselho: “Somente sê corajoso e muito forte . . . Este livro da lei não se deve afastar da tua boca e tu o tens de ler em voz baixa dia e noite, para cuidar em fazer segundo tudo o que está escrito nele; pois então farás bem sucedido o teu caminho e então agirás sabiamente. Não te dei ordem? Sê corajoso e forte . . . pois o Senhor, teu Deus, está contigo onde quer que andares.” (1:7-9) Josué atribui o crédito a Deus como o verdadeiro Líder e Comandante, e passa imediatamente a fazer os preparativos para a travessia do Jordão, segundo a ordem de Deus. Os israelitas o reconhecem como sucessor de Moisés e juram-lhe lealdade. Avante, pois, para a conquista de Canaã!

Dois homens são enviados para fazer reconhecimento de Jericó. Raabe, a meretriz, aproveita a oportunidade para mostrar sua fé em Deus, escondendo os espias e arriscando sua própria vida. Em troca, os espias juram que ela será poupada quando Jericó for destruída. Os espias retornam trazendo a informação de que todos os habitantes do país estão desalentados por causa dos israelitas. Sendo favorável o relatório, Josué avança imediatamente em direção ao rio Jordão, que se acha na época da cheia. É então que Deus dá uma prova tangível de que sustém a Josué e de que, assim como no tempo de Moisés, há um “Deus vivente” no meio de Israel. (3:10) No momento em que os sacerdotes que carregam a arca do pacto põem os pés nas águas do Jordão, as águas a montante se encapelam, permitindo que os israelitas atravessem a pé enxuto. Josué toma 12 pedras do meio do rio como memorial, e coloca outras 12 pedras dentro do rio, onde os sacerdotes se acham de pé, após o que os sacerdotes atravessam o rio, e as águas retornam à cheia.

Tendo atravessado o rio, o povo acampa em Gilgal, entre o Jordão e Jericó, e ali Josué coloca as pedras memoriais como testemunho para as gerações futuras, ‘para que todos os povos da terra conheçam a mão de Deus, que ela é forte; a fim de que deveras temais ao Senhor, vosso Deus, para sempre’. (4:24) (Josué 10:15 indica que, depois disso, Gilgal foi usado, talvez, como acampamento de base por um bom tempo.) É aqui que os filhos de Israel são circuncidados, pois não havia sido praticada a circuncisão durante a jornada no ermo. Celebra-se a Páscoa, cessa o maná e finalmente os israelitas começam a comer dos produtos da terra.

A conquista de Canaã (5:13–12:24). Agora, o primeiro objetivo se acha ao alcance deles. Mas como tomar esta “rigorosamente fechada”, murada, cidade de Jericó? (6:1) O próprio Deus dá os pormenores do proceder a seguir, enviando o “príncipe do exército de Deus” para instruir a Josué. (5:14) Uma vez por dia, durante seis dias, os exércitos de Israel devem marchar em volta da cidade, estando à testa os guerreiros, seguidos dos sacerdotes que tocam as buzinas de corno de carneiro e de outros que carregam a arca do pacto. No sétimo dia, precisam fazer a volta sete vezes. Josué transmite fielmente as ordens ao povo. Exatamente como se lhes ordenou, os exércitos marcham em volta de Jericó. Não se profere nenhuma palavra. Não se ouve senão o barulho surdo de passos e o toque das buzinas pelos sacerdotes. Daí, no último dia, depois de se completar a sétima volta, Josué lhes dá o sinal para gritarem. Eles dão “um grande grito de guerra”, e as muralhas de Jericó ruem! (6:20) Todos juntos, lançam-se sobre a cidade, capturando-a e devotando-a à destruição pelo fogo. Somente a fiel Raabe e sua família são poupadas.

Agora rumo ao oeste, para Ai! A certeza de outra vitória fácil se transforma em terror, quando os homens de Ai desbaratam os 3.000 soldados israelitas enviados para capturar a cidade. O que acontecera? Será que Deus abandonara seu povo? Inquieto, Josué consulta a Deus. Deus revela que, contrário à sua ordem de destruir tudo o que havia em Jericó, alguém no acampamento desobedeceu, roubando algo e escondendo-o. Essa impureza precisa ser removida do acampamento antes que Israel possa continuar a prosperar com a bênção de Deus. Sob a orientação divina, Acã, o malfeitor, é descoberto, e ele e sua família são mortos a pedradas. Restabelecido o favor de Deus, os israelitas avançam contra Ai. O próprio Deus revela mais uma vez a estratégia a usar. Os homens de Ai são engodados a sair de sua cidade murada e descobrem que estão encurralados numa emboscada. A cidade é capturada e destruída, com todos os seus habitantes. (8:26-28) Não há transigência com o inimigo!
Josué edifica a seguir um altar no monte Ebal, em obediência à ordem de Deus por intermédio de Moisés, e escreve sobre as pedras “uma cópia da lei”. (8:32) Depois, Josué lê as palavras da Lei, junto com a bênção e a maldição, perante a assembléia da inteira nação que está de pé, metade diante do monte Gerizim e a outra metade diante do monte Ebal. — Deut. 11:29; 27:1-13.

Diversos dos pequenos reinos de Canaã, alarmados com o progresso rápido da invasão, se unem no esforço de impedir o avanço de Josué. Mas, ‘os habitantes de Gibeão, ouvindo o que Josué havia feito a Jericó e a Ai, agem com astúcia’. (Jos. 9:3, 4) Fingem ser de um país distante de Canaã, e fazem um pacto com Josué “para deixá-los viver”. Quando os israelitas descobrem o ardil, respeitam o pacto, mas fazem dos gibeonitas “ajuntadores de lenha e tiradores de água”, quais ‘escravos mais baixos’, cumprindo-se assim em parte a maldição que Noé, sob inspiração divina, pronunciara contra Canaã, filho de Cã. — Jos. 9:15, 27; Gên. 9:25.

Essa deserção dos gibeonitas não é coisa insignificante, pois “Gibeão era uma cidade grande . . . maior do que Ai, e todos os seus homens eram poderosos”. (Jos. 10:2) Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, vê nisso uma ameaça contra si mesmo e contra os demais reinos de Canaã. Tem de ser punido para servir de exemplo, a fim de que não haja mais deserção para o lado do inimigo. Portanto, Adoni-Zedeque e outros quatro reis (das cidades-reinos de Hébron, Jarmute, Laquis e Eglom) se organizam e guerreiam contra Gibeão. Josué, fiel a seu pacto com os gibeonitas, marcha a noite inteira para ir em socorro deles, e desbarata os exércitos dos cinco reis. Mais uma vez, Deus luta pelo seu povo, empregando poderes e sinais sobre-humanos, com resultados devastadores. Grandes pedras de saraiva caem do céu, matando mais inimigos do que as espadas do exército israelita. Daí, maravilha das maravilhas, ‘o sol fica parado no meio dos céus e não tem pressa em pôr-se por cerca de um dia inteiro’. (10:13) Assim, podem ser completadas as operações de limpeza. Os sábios do mundo talvez tentem desacreditar este acontecimento miraculoso, mas os homens de fé aceitam o relato divino, bem cientes do poder de Deus de controlar as forças do universo e de dirigi-las segundo a Sua vontade. Pois, com efeito, “o próprio Deus lutava por Israel”. — 10:14.

Josué, depois de matar os cinco reis, destrói a Maquedá. Indo rapidamente para o sul, destrói completamente a Libna, Laquis, Eglom, Hébron e Debir, cidades situadas nas montanhas e colinas entre o mar Salgado e o Grande Mar. As notícias sobre a invasão espalham-se então por todo o país de Canaã. No Norte, o alarme é dado por Jabim, rei de Hazor. A toda a parte, a ambos os lados do Jordão, ele envia mensageiros para convocar uma ação unida em massa contra os israelitas. Quando as forças reunidas do inimigo se acampam junto às águas de Merom, abaixo do monte Hermom, são uma “multidão como os grãos de areia que há à beira do mar”. (11:4) Novamente Deus assegura a Josué a vitória e fornece o plano da estratégia da batalha. Qual o resultado? Mais uma derrota esmagadora para os inimigos do povo de Deus! Hazor é incendiada, e as cidades aliadas e seus reis são destruídos. Assim, Josué estende a área da dominação israelita por todo o comprimento e por toda a largura de Canaã. Trinta e um reis foram derrotados.

A distribuição do país (13:1–22:34). Apesar dessas muitas vitórias, destruição das muitas cidades principais fortificadas e fim da resistência organizada por algum tempo, “em uma parte muito grande ainda resta de se tomar posse do país”. (13:1) Mas, Josué já está com quase 80 anos, e outro trabalho grande ainda resta a fazer — o da distribuição do país por herança entre nove tribos inteiras e a meia tribo de Manassés. Rubem, Gade e metade da tribo de Manassés já receberam a sua herança ao leste do Jordão, e a tribo de Levi não receberá nenhuma, sendo a sua herança “o Senhor Deus, o Deus de Israel”. (13:33) Com a ajuda do sacerdote Eleazar, Josué faz então as designações do lado oeste do Jordão. Calebe, com 85 anos de idade, sempre com o mesmo zelo para lutar contra os inimigos de Deus até o fim, solicita Hébron, uma região infestada de anaquins, o que lhe é concedido. (14:12-15) Depois de as tribos receberem as suas heranças por sorte, Josué solicita a cidade de Timnate-Sera, nos montes de Efraim, e isto lhe é concedido “por ordem de Deus”. (19:50) A tenda da reunião é armada em Silo, que também fica na região montanhosa de Efraim.
Seis cidades de refúgio são reservadas, três de cada lado do Jordão, para o homicida não intencional. As ao oeste do Jordão são Quedes, na Galiléia; Siquém, em Efraim; e Hébron, no território montanhoso de Judá. As ao leste são Bezer, no território de Rubem; Ramote, em Gileade; e Golã, em Basã. Deu-se a estas “categoria sagrada”. (20:7) Quarenta e oito cidades, com seus pastios, das que foram dadas a cada tribo, são designadas por sorte como cidades de residência para os levitas. Essas incluem as seis cidades de refúgio. Dessa forma, Israel ‘passou a tomar posse da terra e a morar nela’. Como Deus prometera, “tudo se cumpriu”. — 21:43, 45.
Os guerreiros das tribos de Rubem, de Gade e da meia tribo de Manassés, que continuaram com Josué até este tempo, voltam agora para as suas heranças, do outro lado do Jordão, levando consigo a exortação de serem fiéis e a bênção de Josué. A caminho, ao chegarem perto do Jordão, erigem um grande altar. Isto provoca uma crise. Visto que o lugar designado para a adoração de Deus é a tenda de reunião, em Silo, as tribos do oeste temem traição e deslealdade, e preparam-se para lutar contra os supostos rebeldes. Entretanto, evita-se o derramamento de sangue, quando se explica que o altar não é para sacrifícios, mas apenas para servir de “testemunha entre nós [os israelitas ao leste e ao oeste do Jordão] de que o Senhor Deus é o verdadeiro Deus”. — 22:34.

Exortações de despedida de Josué (23:1–24:33). ‘E sucede, muitos dias depois de Deus ter dado a Israel descanso de todos os seus inimigos ao redor, sendo Josué já idoso e avançado em dias’, que ele convoca todo o Israel para dar inspiradas exortações de despedida. (23:1) Humilde até o fim, ele atribui a Deus todo o crédito das grandes vitórias sobre as nações. Que todos continuem agora a ser fiéis! “Tendes de ser muito corajosos para guardar e fazer tudo o que está escrito no livro da lei de Moisés, nunca vos desviando dele nem para a direita nem para a esquerda.” (23:6) Precisam evitar os deuses falsos, e ‘guardar constantemente as suas almas, amando ao Senhor, seu Deus’. (23:11) Não pode haver transigência com os cananeus remanescentes ali, nem casamento nem alianças de interconfessionalismo com eles, pois isto provocaria a ira ardente de Deus contra eles.
Reunindo todas as tribos em Siquém, e convocando os respectivos representantes delas perante Deus, Josué passa a fazer a narrativa pessoal de Deus sobre seus tratos com seu povo desde o momento em que chamou a Abraão e o conduziu a Canaã até a conquista e a ocupação da Terra da Promessa. Novamente Josué adverte contra a religião falsa, exortando Israel a ‘temer a Deus e servi-lo sem defeito e em verdade’. Sim: “servi a Deus”! A seguir, ele lhes apresenta o assunto com a máxima clareza: “Escolhei hoje para vós a quem servireis, se aos deuses a quem serviram os vossos antepassados . . . ou aos deuses dos amorreus em cuja terra morais. Mas, quanto a mim e aos da minha casa, serviremos a Deus.” Com convicção que faz lembrar a de Moisés, Josué relembra Israel que o Senhor “é um Deus santo; ele é um Deus que exige devoção exclusiva”. Portanto, abaixo os deuses estranhos! Então, o povo fica entusiasmado a declarar à uma só voz: “Ao Senhor, nosso Deus, serviremos, e a sua voz escutaremos!” (24:14, 15, 19, 24) Antes de os despedir, Josué faz um pacto com eles, escreve essas palavras no livro da lei de Deus e coloca uma grande pedra para servir de testemunho. Daí, Josué morre em idade avançada, com 110 anos, e é enterrado em Timnate-Sera.

POR QUE É PROVEITOSO

Ao ler as exortações de despedida de Josué relativas ao serviço fiel, não vibra seu coração? Não endossa as palavras que Josué proferiu há mais de 3.400 anos: “Quanto a mim e aos da minha casa, serviremos a Deus”? Ou, se estiver servindo a Deus em condições difíceis ou isolado de outros fiéis, não se sente inspirado com as palavras de Deus dirigidas a Josué no início da marcha para a Terra da Promessa: “Sê corajoso e muito forte”? Além do mais, não acha que é de inestimável proveito seguir o Seu conselho de ‘ler [a Bíblia] em voz baixa, dia e noite, para fazer bem sucedido o seu caminho’? Certamente, todos os que seguem estes conselhos sábios os acharão notavelmente proveitosos. — 24:15; 1:7-9.
Os eventos, descritos tão vividamente no livro de Josué, são mais do que mera história antiga. Destacam os princípios divinos — acima de tudo sublinham que a fé implícita em Deus e a obediência a Êle são vitais para a obtenção das bênçãos dÊle. O autor da carta aos hebreus, conta que pela fé “caíram os muros de Jericó, depois de terem sido rodeados por sete dias”, e que, pela fé, “Raabe, a meretriz, não pereceu com os que agiram desobedientemente”. (Heb. 11:30, 31) Tiago menciona igualmente a Raabe como exemplo útil para os cristãos quanto a produzir obras de fé. — Tia. 2:24-26.
Os eventos incomuns e sobrenaturais, relatados em Josué 10:10-14, onde se diz que o sol se deteve e a lua ficou parada, bem como os muitos outros milagres que Deus realizou para seu povo, são poderosos lembretes de que o propósito de Deus é exterminar definitivamente todos os iníquos oponentes de Deus, e que Ele tem poder para isso. Isaías relaciona a cena das batalhas de Gibeão, tanto na época de Josué como na de Davi, com Deus levantar-se agitado para tal extermínio, “para fazer o seu ato — seu ato é estranho — e para executar a sua obra — sua obra é incomum”. — Isa. 28:21, 22.

Apontam os acontecimentos narrados no livro de Josué para o Reino de Deus? Certamente que sim! Que a conquista e o povoamento da Terra Prometida têm a ver com algo de muito maior importância, foi indicado pelo autor da carta aos hebreus, que disse: “Pois, se Josué os tivesse conduzido a um lugar de descanso, Deus não teria depois falado de outro dia. De modo que resta um descanso sabático para o povo de Deus.” (Heb. 4:1, 8, 9) Eles fazem empenho para assegurar a sua “entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. (2Ped.1:10,11) Segundo indicado em Mateus 1:5, Raabe se tornou uma antepassada de Jesus Cristo. O livro de Josué fornece, pois, na narrativa, outro elo importante que conduz à produção da Semente do Reino. Esse livro dá a firme segurança de que as promessas do Reino de Deus se cumprirão ao pé da letra. Falando da promessa de Deus feita a Abraão, a Isaque e a Jacó, e a seus descendentes, os israelitas, o relato diz concernente aos dias de Josué: “Não falhou nem uma única de todas as boas promessas que Deus fizera à casa de Israel; tudo se cumpriu.” (Jos. 21:45; Gên. 13:14-17) O mesmo se dá com a “boa promessa” de Deus relativa ao justo Reino dos céus — tudo se cumprirá!

8/10/2011

Juizes

O livro se divide logicamente em três partes. Os dois capítulos 1 e 2 iniciais descrevem as condições que existiam naquela época em Israel. Os capítulos 3 a 16 falam das libertações por parte dos 12 juízes. Os capítulos 17 a 21 descrevem, em seguida, incidentes das lutas internas em Israel.

Condições em Israel no tempo dos juízes (1:1-2:23). As tribos de Israel são descritas à medida que se dispersam para se estabelecerem nos seus respectivos territórios designados. Mas, em vez de expulsarem totalmente os cananeus, os israelitas submetem muitos desses a trabalhos forçados, permitindo que residam entre eles. Em conseqüência disso, o anjo de Deus declara: “Pelo que também eu disse: Não os expelirei de diante de vós; antes, estarão às vossas costas, e os seus deuses vos serão por laço.” (2:3) Assim, quando surge uma nova geração que não conhece a Deus nem as obras realizadas por ele, o povo logo abandona a Deus para servir aos Baalins e a outros deuses. Visto que a mão de Deus está contra ele para calamidade, vem a estar em “sério aperto”. Em virtude de sua obstinação e recusa de ouvir mesmo aos juízes, Deus não expulsa nenhuma das nações que ele deixou para provar Israel. Este fundo histórico nos será de ajuda para entendermos os eventos subseqüentes. 2:15.

O juiz Otniel (3:1-11). Angustiados por causa de seu cativeiro às mãos dos cananeus, os filhos de Israel começam a invocar a Deus em busca de socorro. Ele suscita primeiro a Otniel qual juiz. Julga Otniel mediante poder e sabedoria humana? Não, pois lemos: “Então veio sobre ele o Espírito de Deus”, para subjugar os inimigos de Israel. “Depois o país teve sossego por quarenta anos.” 3:10, 11.

O juiz Eúde (3:12-30). Depois de os filhos de Israel terem sido subjugados por 18 anos a Eglom, rei de Moabe, clamam a Deus que ouve outra vez as suas súplicas e suscita o juiz Eúde. Tendo conseguido uma audiência particular com o rei, o canhoto Eúde saca de sua espada caseira escondida na sua vestimenta e crava-a profundamente no ventre gordo de Eglom, matando-o. Israel se junta imediatamente a Eúde na luta contra Moabe, e o país goza outra vez do descanso que Deus lhe concede, por 80 anos.

O juiz Sangar (3:31). Sangar salva a Israel, abatendo 600 filisteus. Que a vitória se deve ao poder de Deus, indica-se mediante a arma que emprega uma simples aguilhada de gado.

O juiz Baraque (4:1-5:31). Depois, Israel cai sob o jugo do rei cananeu, Jabim, e de Sísera, seu chefe de exército, que se jacta de seus 900 carros munidos de foices de ferro. Israel clama de novo a Deus que o escuta e suscita o juiz Baraque, eficazmente ajudado pela profetisa Débora. Para que Baraque e seu exército não tenham motivo para se jactar, Débora dá a conhecer que a batalha será travada por orientação de Deus, e passa a profetizar: “Será à mão de uma mulher que Deus venderá a Sísera.” (4:9) Baraque convoca os homens de Naftali e de Zebulão ao monte Tabor. Seu exército de 10.000 homens desce então ao combate. Sua firme fé lhes traz a vitória. ‘Deus começa a lançar em confusão tanto a Sísera como a todos os seus carros de guerra e todo o acampamento’, esmagando-os por uma inundação súbita no vale do Quisom. “Não restou nem sequer um.” (4:15, 16) Jael, esposa de Héber, o queneu, para cuja tenda Sísera foge, leva ao clímax a matança, pregando contra o chão a cabeça de Sísera com uma estaca de tenda. “Assim subjugou Deus . . . a Jabim.” (4:23) Débora e Baraque entoam um cântico para a glória do poder invencível de Deus, que fez com que até mesmo as estrelas lutassem desde suas órbitas contra Sísera. É deveras ocasião para ‘bendizer a Deus’! (5:2) Seguem-se 40 anos de paz.

O juiz Gideão (6:1-9:57). De novo fazem os filhos de Israel o que é mau, e o país é devastado pelos midianitas invasores. Por intermédio de seu anjo, Deus suscita o juiz Gideão, e o próprio Deus o assegura, com as palavras: “Mostrarei estar contigo.” (6:16) O primeiro ato de coragem de Gideão consiste em destruir o altar de Baal que se acha na sua própria cidade. Os exércitos combinados do inimigo cruzam então em direção de Jezreel, mas ‘o Espírito de Deus envolve Gideão’ ao passo que este convoca Israel para a batalha. (6:34) Mediante a prova de expor um velo de lã ao orvalho no chão da eira, Gideão recebe duplo sinal de que Deus está com ele.
Deus diz a Gideão que seu exército, composto de 32.000 homens, é grande demais, e que o tamanho poderá dar motivo para jactância humana sobre a vitória. Primeiro, os temerosos são enviados para casa, restando apenas 10.000. (Juí. 7:3; Deut. 20:8) Depois, mediante a prova da maneira de beber água, todos, exceto 300 alertas e vigilantes, são eliminados. Gideão faz reconhecimento do acampamento midianita durante a noite e de novo é assegurado do sucesso ao ouvir um homem interpretar um sonho como significando: “isto não é senão a espada de Gideão . . . O verdadeiro Deus lhe entregou na mão a Midiã e a todo o acampamento”. (Juí. 7:14) Gideão presta adoração a Deus e divide seus homens em três grupos em volta do acampamento midianita. O silêncio da noite é subitamente rompido: os 300 homens de Gideão tocam as buzinas, quebram os grandes jarros, acendem as tochas e gritam: “A espada de Deus e de Gideão!” (7:20) O acampamento do inimigo vira um pandemônio. Os midianitas lutam uns contra os outros e põem-se em fuga. Mas Israel os persegue, mata-os, abate também a seus príncipes. Os israelitas pedem então que Gideão domine sobre eles, mas Gideão recusa, dizendo: “Deus é quem dominará sobre vós.” (8:23) Contudo, do despojo da guerra ele faz um éfode, que chega a ser mais tarde objeto de grande veneração, tornando-se assim um laço para Gideão e sua família. O país tem descanso por 40 anos durante o tempo em que Gideão é juiz.
Depois da morte de Gideão, Abimeleque, um de seus filhos, nascido de uma concubina sua, usurpa o poder e assassina seus 70 meios-irmãos. Jotão, o filho mais novo de Gideão, é o único que escapa, e, do cume do monte Gerizim, ele profere uma maldição sobre Abimeleque. Nessa parábola das árvores, ele assemelha a “realeza” de Abimeleque a um modesto espinheiro. Abimeleque vê-se logo envolvido numa luta interna em Siquém, onde sofre a humilhação de ser morto por uma mulher que lhe atira, do alto da torre de Tebes, uma mó certeira, esmagando-lhe o crânio. Juí. 9:53; 2 Sam. 11:21.

Os juízes Tola e Jair (10:1-5). Estes são os próximos a efetuar libertações pelo poder de Deus, julgando por 23 e 22 anos, respectivamente.

O juiz Jefté (10:6-12:7). Visto que Israel persiste em voltar-se para a idolatria, a ira de Deus se acende de novo contra a nação. O povo sofre agora opressão por parte dos amonitas e dos filisteus. Jefté é chamado de volta do exílio para liderar Israel no combate. Mas quem realmente é o juiz nessa controvérsia? As próprias palavras de Jefté fornecem a resposta: “Julgue hoje Deus, o Juiz, entre os filhos de Israel e os filhos de Amom.” (11:27) Ao passo que o Espírito de Deus opera nele, Jefté faz um voto de que, ao retornar de Amom em paz, devotará a Deus a primeira pessoa que de sua casa sair ao seu encontro. Jefté subjuga Amom com grande matança. Ao voltar para casa, em Mispá, é a sua própria filha que lhe sai primeiro ao encontro, correndo, com alegria pela vitória de Deus. Jefté cumpre o seu voto não, não mediante sacrifício humano, pagão, segundo os ritos do baalismo, mas devotando esta filha única ao serviço exclusivo na casa de Deus, para Seu louvor.
Os efraimitas protestam então que não foram convocados para lutar contra Amom, e ameaçam a Jefté, que se vê obrigado a repeli-los. Ao todo, 42.000 efraimitas são mortos, muitos deles nos vaus do Jordão, onde são reconhecidos por não conseguirem pronunciar corretamente a senha “Xibolete”. Jefté continua a julgar Israel por seis anos. 12:6.

Os juízes Ibsã, Elom e Abdom (12:8-15). Embora se fale pouco concernente a estes, os períodos em que julgaram são declarados como sendo de sete, dez e oito anos, respectivamente.

O juiz Sansão (13:1-16:31). Mais uma vez Israel cai sob o jugo dos filisteus. Desta vez, Deus suscita a Sansão como juiz. Desde seu nascimento, seus pais o devotam como nazireu, e isto requer que não se lhe passe nunca a navalha sobre a cabeça. Quando cresce, Deus o abençoa, e, ‘com o tempo, o Espírito de Deus principia a impeli-lo’. (13:25) O segredo da sua força não está em músculos humanos, mas no poder dado por Deus. É quando ‘o Espírito de Deus se torna ativo nele’ que recebe o poder de matar um leão sem ter nada na mão, e mais tarde de revidar a traição filistéia, abatendo 30 dentre eles. (14:6, 19) Visto que os filisteus continuam a agir traiçoeiramente em conexão com o casamento que Sansão está para contrair com certa moça filistéia, ele toma 300 raposas e, virando-as cauda contra cauda, coloca tochas entre as caudas e as envia para incendiarem os campos de cereais, os vinhedos e os olivais dos filisteus. Daí, efetua uma grande matança de filisteus, “empilhando pernas sobre coxas”. (15:8) Os filisteus persuadem seus co-israelitas, homens de Judá, a amarrarem Sansão e o entregarem a eles, mas, de novo ‘o Espírito de Deus se torna ativo nele’, e seus grilhões se derretem, por assim dizer, caindo de suas mãos. Sansão fere mortalmente mil desses filisteus “um montão, dois montões!” (15:14-16) Que arma de destruição usa ele? A queixada fresca dum jumento. Deus revigora seu servo exausto por fazer surgir miraculosamente uma fonte donde jorra água no local da batalha.
Depois, Sansão pernoita em Gaza, na casa de uma prostituta; os filisteus o cercam em emboscada. Mas, o Espírito de Deus revela estar novamente com ele ao levantar-se à meia-noite e arrancar os batentes da porta da cidade com seus postes, carregando-os de lá para o cume dum monte, defronte de Hébron. Depois disso, ele se enamora da pérfida Dalila. Sendo instrumento fácil nas mãos dos filisteus, ela o atormenta até que ele revela que a sua devoção a Deus como nazireu, simbolizada pelos seus cabelos compridos, é a verdadeira fonte de sua grande força. Enquanto ele está dormindo, ela manda que se lhe cortem os cabelos. Desta vez, é em vão que ele acorda para ir travar o combate, pois “foi Deus quem se retirara dele”. (16:20) Os filisteus o pegam, vazam-lhe os olhos e o fazem virar a mó na prisão, como escravo. Quando chega a época da celebração de uma grande festa em honra de Dagom, deus dos filisteus, estes mandam tirar Sansão de lá para lhes servir de espetáculo. Não dando importância ao fato de que seu cabelo crescia outra vez em abundância, permitem que se coloque entre as duas grandes colunas da casa usada para adoração de Dagom. Sansão invoca a Deus: “Senhor Deus, por favor, lembra-te de mim e fortalece-me só esta vez.” E Deus lembra-se deveras dele. Segurando as colunas, Sansão ‘se encurva com poder’ com o poder de Deus ‘e a casa cai, de modo que os mortos, que entrega à morte ao ele mesmo morrer, vêm a ser mais do que os que entregara à morte durante a sua vida’. 16:28-30.
Chegamos então aos capítulos 17 a 21, que descrevem algumas das lutas internas que infelizmente desgastam a Israel nessa época. Esses eventos ocorrem cedo no período dos juízes, conforme se indica pela menção de Jonatã e Finéias, netos de Moisés e de Arão, provando que estão ainda vivos.

Micá e os danitas (17:1-18:31). Micá, um efraimita, estabelece seu próprio sistema religioso independente, a idólatra “casa de deuses”, com tudo, imagem esculpida e um sacerdote levita. (17:5) Homens da tribo de Dã passam por lá, a caminho da posse de sua herança no norte. Eles saqueiam Micá, tirando-lhe os acessórios religiosos e o sacerdote, e avançam para o extremo norte, a fim de destruírem a insuspeitosa cidade de Laís. Em seu lugar, edificam a sua própria cidade de Dã, e colocam ali a imagem esculpida que pertencera a Micá. Assim, seguem a religião de sua própria escolha, independente, durante todos os dias em que a casa da verdadeira adoração de Deus continua em Silo.

O pecado de Benjamim em Gibeá (19:1-21:25). O acontecimento escrito a seguir faz Oséias dizer posteriormente estas palavras: “Pecaste desde os dias de Gibeá, ó Israel.” (Osé. 10:9) Certo levita de Efraim, voltando para casa com sua concubina, passa a noite na casa de um homem idoso, em Gibeá de Benjamim. Homens imprestáveis dessa cidade cercam a casa, exigindo ter relações sexuais com o levita. Eles aceitam, entretanto, sua concubina em seu lugar, e abusam dela a noite inteira. Pela manhã, ela é encontrada morta na soleira da porta. O levita leva o cadáver para casa, recorta-o em 12 pedaços e envia estes a todo o Israel. As 12 tribos são destarte postas à prova. Castigarão a Gibeá, removendo assim do meio de Israel a imoralidade? Os benjamitas fecham os olhos a esse crime bestial. As outras tribos se congregam perante Deus, em Mispá, onde resolvem decidir por sortes quem lutará contra Benjamim, em Gibeá. Depois de duas derrotas sanguinárias, as outras tribos levam a vitória, colocando uma emboscada, e praticamente aniquilam a tribo de Benjamim, escapando apenas 600 homens que se refugiam no rochedo de Rimom. Mais tarde, Israel lastima que uma tribo foi cortada. Eles procuram então um meio de encontrar esposas para os benjamitas sobreviventes dentre as filhas de Jabes-Gileade e de Silo. Com isto termina a narrativa de lutas e intrigas em Israel. Conforme repetem as palavras concludentes de Juízes: “Naqueles dias não havia rei em Israel. Cada um costumava fazer o que era direito aos seus próprios olhos.” Juí. 21:25.

POR QUE É PROVEITOSO

Longe de ser apenas uma narrativa de lutas e de derramamento de sangue, o livro de Juízes exalta a Deus como o grande Libertador de seu povo. Mostra como ele expressou sua misericórdia e longanimidade incomparáveis para com o povo chamado pelo Seu nome, toda vez que recorria a ele com coração arrependido. O livro de Juízes é de grande proveito em defender decididamente a adoração de Deus e em seus poderosos avisos acerca da tolice da religião demoníaca, do interconfessionalismo e das associações imorais. A condenação severa que Deus pronunciou contra a adoração de Baal deve impelir-nos a nos resguardar dos seus equivalentes modernos: o materialismo, o nacionalismo e a imoralidade sexual. 2:11-18.

Um exame da destemida e corajosa fé dos juízes deve inspirar em nosso coração uma fé similar. Não é de admirar que eles sejam mencionados em Hebreus 11:32-34 em termos tão calorosos de aprovação! Lutaram para santificar o nome de Deus, mas não na sua própria força. Conheciam a fonte de seu poder, o Espírito de Deus, e o reconheciam com humildade. Da mesma forma hoje, podemos tomar “a espada do Espírito”, a Palavra de Deus, certos de que Deus nos dará forças, assim como deu a Baraque, Gideão, Jefté, Sansão e muitos outros. Sim, com a ajuda do Espírito de Deus, podemos ser tão fortes, em sentido espiritual, como Sansão era em sentido físico, para vencermos poderosos obstáculos, se tão-somente orarmos a Deus e confiarmos nele. Efé. 6:17, 18; Juí. 16:28.

Em dois lugares o profeta Isaías se refere ao livro de Juízes, a fim de mostrar que Deus, sem falta, esmagará o jugo que Seus inimigos colocam sobre seu povo, assim como fez nos dias de Midiã. (Isa. 9:4; 10:26) Isto nos faz lembrar também do cântico de Débora e de Baraque, que termina com a oração fervorosa: “Pereçam assim todos os teus inimigos, ó Deus, e sejam os que te amam como quando o sol sai na sua potência.” (Juí. 5:31) E quem são os que amam a Deus? O próprio Jesus Cristo indica que são os herdeiros do Reino, empregando uma expressão semelhante em Mateus 13:43: “Naquele tempo, os justos brilharão tão claramente como o sol, no reino de seu Pai.” De modo que o livro de Juízes aponta para o tempo em que o justo Juiz e Semente do Reino, Jesus, exercerá seu poder. Por intermédio dele, Deus glorificará e santificará Seu nome, em harmonia com a oração do salmista concernente aos inimigos de Deus: “Faze-lhes como a Midiã, como a Sísera, como a Jabim no vale da torrente de Quisom . . . para que as pessoas saibam que tu, Deus de Israel, somente tu és o Altíssimo sobre toda a terra.” Sal. 83:9, 18; Juí. 5:20, 21.

8/09/2011

Rute

Autor: O Livro de Rute não revela especificamente o nome do seu autor. A tradição é que esse livro foi escrito pelo profeta Samuel.

Quando foi escrito: Não sabemos exatamente quando o Livro de Rute foi escrito. No entanto, a visão predominante é uma data entre 1011 e 931 AC.

Propósito: O Livro de Rute foi escrito para os israelitas e ele ensina que o amor verdadeiro pode às vezes exigir um sacrifício intransigente. Independentemente do que a vida nos traga, podemos viver de acordo com os preceitos de Deus. Genuíno amor e bondade serão recompensados. Deus abençoa abundantemente aqueles que procuram viver uma vida obediente. Vida obediente não permite "acidentes" no plano de Deus. Deus estende misericórdia aos misericordiosos.

Versículos-chave: Rute 1:16: “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.”

Rute 3:9: “Disse ele: Quem és tu? Ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador.”

Rute 4:17: “As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi.”

Resumo: A configuração do Livro de Rute começa no país pagão de Moabe (região nordeste do Mar Morto) e então se muda para Belém. Este relato verdadeiro ocorre durante o Período dos Juízes, período marcado por dias sombrios de fracasso e rebelião dos israelitas. A fome faz com que Elimeleque e sua mulher, Noemi, saiam de sua casa israelita ao país de Moabe. Elimeleque morre e acaba deixando Noemi com seus dois filhos, que logo acabam se casando com duas moças moabitas, Orfa e Rute. Mais tarde os dois filhos morrem e Noemi fica sozinha com Orfa e Rute em uma terra estranha. Orfa volta a seus pais, mas Rute decide ficar com Noemi enquanto viajam para Belém. Esta história de amor e devoção fala do eventual casamento de Rute com um homem rico chamado Boaz, por quem ela tem um filho, Obede, que se torna avô de Davi e o ancestral de Jesus. Obediência traz Rute à linhagem privilegiada de Cristo.

Prenúncios: Um dos temas principais do Livro de Rute é o de redentor. Boaz, um parente de Rute por ser parente do seu marido, agiu de acordo com o seu dever como delineado na Lei de Moisés para resgatar um parente pobre das suas circunstâncias (Levítico 25:47-49). Este cenário é repetido por Cristo, que nos redime, os espiritualmente pobres, da escravidão do pecado. Nosso Pai Celestial enviou o Seu próprio Filho à cruz para que nos tornássemos filhos de Deus e irmãos e irmãs de Cristo. Por ser o nosso Redentor, nós nos tornamos Seus parentes.

Aplicação Prática: A soberania do nosso grande Deus é claramente vista na história de Rute. Ele guiou cada passo do caminho para que Rute se tornasse Sua filha e cumprisse o Seu plano de se tornar um ancestral de Jesus Cristo (Mateus 1:5). Da mesma forma, podemos ter certeza de que Deus tem um plano para cada um de nós. Do mesmo jeito que Noemi e Rute confiaram que Deus cuidaria delas, assim também devemos fazer.

Vemos em Rute um exemplo da mulher virtuosa de Provérbios 31. Além de ser dedicada à sua família (Rute 1:15-18; Provérbios 31:10-12) e fielmente dependente de Deus (Rute 2:12, 31:30), vemos em Rute uma mulher de discurso piedoso. Suas palavras são amorosas, gentis e respeitosas, tanto com Noemi quanto com Boaz. A mulher virtuosa de Provérbios 31 “Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua” (v. 26). Seria difícil encontrar uma mulher hoje tão digna de ser o nosso exemplo como Rute.

8/07/2011

1º samuel

O livro abrange, em parte ou no todo, a vida de quatro líderes de Israel: Eli, o sumo sacerdote; Samuel, o profeta; Saul, o primeiro rei; e Davi, que foi ungido para ser o próximo rei.

A judicatura de Eli e o jovem Samuel (1 Samuel 1:1-4:22). No início da narrativa, somos apresentados a Ana, esposa favorita de Elcana, um levita. Ela não tem filhos e é desprezada por isso pela outra esposa de Elcana, Penina. Enquanto a família faz uma das suas visitas anuais a Silo, onde se acha a arca do pacto de Deus, Ana ora fervorosamente a Deus para que lhe dê um filho. Ela promete que, se sua oração for atendida, devotará o filho ao serviço de Deus. Deus atende a sua oração, e ela dá à luz um filho, Samuel. Logo que é desmamado, ela o leva à casa de Deus e o coloca sob os cuidados do sumo sacerdote Eli, como alguém ‘emprestado a Deus’. (1:28) Ana se expressa, então, em jubilante oração de agradecimentos e de felicidade. O menino se torna “ministro de Deus perante Eli, o sacerdote”. 2:11.
Nem tudo vai bem com Eli. Está velho, seus dois filhos se tornaram imprestáveis, e ‘não reconhecem a Deus’. (2:12) Usam o seu cargo sacerdotal para satisfazer a sua ganância e seus desejos imorais. Eli deixa de os corrigir. Deus, portanto, passa a enviar mensagens divinas contra a casa de Eli, avisando que “nunca chegará a haver um homem idoso na tua casa”, e que ambos os filhos de Eli morrerão num só dia. (1 Sam. 2:30-34; 1 Reis 2:27) Por fim, Ele envia o menino Samuel a Eli com uma mensagem de julgamento de fazer tinir os ouvidos. Assim, o jovem Samuel é credenciado à função de profeta em Israel. 1 Sam. 3:1, 11.
No devido tempo, Deus executa esse julgamento, suscitando os filisteus. Visto que o resultado da batalha é desfavorável a Israel, os israelitas levam, com grande grito, a arca do pacto de Silo para seu acampamento militar. Ouvindo o grito e sabendo que a Arca foi trazida para dentro do acampamento de Israel, os filisteus fortalecem-se e ganham uma sensacional vitória, desbaratando totalmente os israelitas. A Arca é capturada, e os dois filhos de Eli morrem. Com coração tremendo, Eli ouve o relato. Ao se mencionar a Arca, cai de costas da cadeira, quebra o pescoço e morre. Assim, termina a sua judicatura de 40 anos. Deveras: “A glória exilou-se de Israel”, pois a Arca representa a presença de Deus com o seu povo. 4:22.

Samuel julga Israel (5:1-7:17). Agora os filisteus também têm de aprender, para a sua grande tristeza, que a arca de Deus não deve ser usada como amuleto. Quando levam a Arca para dentro da casa de adoração de Dagom, em Asdode, o deus deles cai estirado de bruços. No dia seguinte, Dagom cai de novo estirado na soleira, desta vez com a cabeça e as palmas de ambas as mãos decepadas. Com isto começa o costume supersticioso, entre os filisteus, de ‘não pisar no limiar de Dagom’. (5:5) Os filisteus mandam apressadamente a Arca para Gate, e daí para Ecrom, mas tudo em vão! Sobrevêm tormentos em forma de pânico, hemorróidas e uma praga de roedores. Os senhores do eixo dos filisteus, em desespero final com o aumento do número de mortos, devolvem a Israel a Arca num novo carro puxado por duas vacas que amamentam. Em Bete-Semes, sobrevém calamidade sobre alguns dos israelitas, porque olham para a Arca. (1 Sam. 6:19; Núm. 4:6, 20) Finalmente, a Arca descansa na casa de Abinadabe, na cidade levítica de Quiriate-Jearim.
Por 20 anos, a Arca permanece na casa de Abinadabe. Samuel, já adulto, insta com os israelitas para que se desfaçam dos Baalins e das imagens de Astorete e sirvam a Deus de todo o coração. Eles fazem isso. Quando se reúnem em Mispá para adoração, os senhores do eixo dos filisteus aproveitam a oportunidade para batalhar, e Israel é apanhado de surpresa. Israel invoca a Deus por intermédio de Samuel. Um grande barulho de trovão da parte de Deus lança os filisteus em confusão, e os israelitas, fortalecidos mediante sacrifícios e orações, obtêm uma vitória esmagadora. Daquele tempo em diante, ‘a mão de Deus continua a ser contra os filisteus todos os dias de Samuel’. (7:13) Contudo, Samuel não pára seu serviço. Durante toda a vida, continua a julgar Israel, fazendo viagem anual desde Ramá, logo ao norte de Jerusalém, até Betel, Gilgal e Mispá. Em Ramá, ele levanta um altar a Deus.

Saul, o primeiro rei de Israel (8:1-12:25). Samuel já está envelhecido no serviço de Deus, mas seus filhos não andam nos caminhos de seu pai, pois aceitam subornos e pervertem o julgamento. Neste tempo, os homens mais idosos de Israel vão ter com Samuel com o seguinte pedido: “Designa-nos deveras um rei para nos julgar, igual a todas as nações.” (8:5) Samuel, extremamente perturbado, busca a Deus em oração. Deus responde: “Não é a ti que rejeitaram, mas é a mim que rejeitaram como rei sobre eles. . . . E agora escuta a sua voz.” (8:7-9) Primeiro, porém, Samuel precisa adverti-los das conseqüências funestas de seu pedido rebelde: arregimentação, pagamento de impostos, perda da liberdade e, com o tempo, amargura e clamor a Deus. O povo, irredutível nos seus desejos, exige um rei.
Agora, passamos a conhecer Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, e incomparavelmente o mais belo e o mais alto homem em Israel. Ele é conduzido a Samuel, que lhe reserva um lugar de honra num banquete, unge-o e daí o apresenta a todo o Israel numa assembléia em Mispá. Embora no início Saul se esconda entre a bagagem, é finalmente apresentado como sendo a escolha de Deus. Samuel relembra mais uma vez a Israel a prerrogativa do reinado, escrevendo-a num livro. Entretanto, não é senão depois da vitória sobre os amonitas, que acaba com o sítio em Jabes de Gileade, que Saul é levado a sério por todos os dentre o povo, de modo que confirmam a sua realeza em Gilgal. Samuel os exorta outra vez a temer, servir e obedecer a Deus, e roga a Deus que envie um sinal em forma de trovões e chuva fora de época, na ocasião da colheita. Numa demonstração aterradora, Deus mostra a sua ira por terem rejeitado a Ele qual Rei.

A desobediência de Saul (13:1-15:35).Ao passo que os filisteus continuam a molestar a Israel, Jonatã, o corajoso filho de Saul, derrota uma guarnição dos filisteus. O inimigo, para vingar-se disto, envia um enorme exército, “como os grãos de areia que há à beira do mar”, em tamanho, e eles acampam em Micmás. A inquietação assola as fileiras dos israelitas. ‘Se tão-somente Samuel viesse dar-nos a orientação de Deus!’ Saul, impaciente de esperar por Samuel, peca, oferecendo presunçosamente ele próprio o sacrifício queimado. Samuel aparece de súbito. Rejeitando as pouco convincentes desculpas de Saul, pronuncia o julgamento de Deus: “E agora teu reino não durará. Deus certamente achará para si um homem que agrade ao seu coração; e Deus o comissionará como líder do seu povo, porque não guardaste o que Deus te ordenou.” 13:14.
Jonatã, cheio de zelo pelo nome de Deus, ataca outra vez um posto avançado dos filisteus, desta vez acompanhado apenas de seu escudeiro, e como um raio eles abatem cerca de 20 homens. Um terremoto aumenta a confusão dos inimigos. Estes se põem em fuga e os israelitas os perseguem decididamente. Contudo, a plena força da vitória fica enfraquecida pelo juramento precipitado de Saul de proibir os guerreiros de comer antes de terminar a batalha. Os homens se cansam logo e daí pecam contra Deus, comendo carne recém-abatida, sem dar tempo para o sangue escoar. Jonatã, da sua parte, revigorara-se com um favo de mel antes de saber do juramento que ele denuncia intrepidamente como um empecilho. Ele é remido da morte pelo povo, por causa da grande salvação que efetuou em Israel.

Chega, então, o tempo de Deus executar o julgamento sobre os vis amalequitas. (Deut. 25:17-19) Devem ser totalmente exterminados. Nada deverá ser poupado, nem homem nem animal. Nenhum despojo deve ser tomado. Tudo tem de ser entregue à destruição. Entretanto, Saul, desobedecendo, poupa a Agague, rei dos amalequitas, e os melhores animais dentre os rebanhos e manadas, ostensivamente para os sacrificar a Deus. Isto desagrada tanto ao Deus de Israel que ele inspira Samuel a expressar uma segunda rejeição de Saul. Desconsiderando as desculpas de Saul que quer salvar as aparências, Samuel declara: “Tem Deus tanto agrado em ofertas queimadas e em sacrifícios como em que se obedeça à voz de Deus? Eis que obedecer é melhor do que um sacrifício . . . Visto que rejeitaste a palavra de Deus, ele concordemente rejeita que sejas rei.” (1 Sam. 15:22, 23) Saul estende então o braço para implorar clemência a Samuel e arranca a aba de sua túnica. Samuel lhe certifica que Deus arrancará igualmente o reino de Saul e o dará a um homem melhor. O próprio Samuel lança mão da espada, executa a Agague e vira as costas a Saul, para nunca mais o ver.

A unção de Davi, sua bravura (16:1-17:58). Deus conduz a seguir Samuel à casa de Jessé, em Belém de Judá, para selecionar e ungir o futuro rei. Um por um os filhos de Jessé são passados em revista, mas são rejeitados. Deus faz lembrar a Samuel: “Não como o homem vê é o modo de Deus ver, pois o mero homem vê o que aparece aos olhos, mas quanto a Deus, ele vê o que o coração é.” (16:7) Finalmente, Deus indica a sua aprovação de Davi, o mais moço, descrito como sendo “ruivo, rapaz de belos olhos e bem-parecido”, e Samuel o unge com óleo. (16:12) O Espírito de Deus vem então sobre Davi, mas Saul desenvolve um espírito mau.
Os filisteus fazem novamente incursões em Israel, apresentando o seu campeão, Golias, um gigante de seis côvados e um palmo (cerca de 2,9 m) de altura. É tão monstruoso que sua cota de malha pesa cerca de 57 quilos e a lâmina de sua lança, quase 7 quilos. (17:4, 5, 7) Dia após dia, este Golias desafia blasfema e desdenhosamente a Israel para que escolha um homem e o deixe sair para lutar, mas ninguém responde. Saul estremece na sua tenda. Entretanto, Davi chega a ouvir os escárnios do filisteu. Com justa indignação e coragem inspirada, Davi exclama: “Quem é este filisteu incircunciso que venha escarnecer das fileiras combatentes do Deus vivente?” (17:26) Rejeitando a armadura de Saul porque não a experimentou antes, Davi sai ao combate, munido unicamente de um bastão de pastor, uma funda e cinco pedras lisas. Considerando o confronto com este jovem pastor uma afronta à sua dignidade, Golias invoca o mal sobre Davi. Ressoa a resposta confiante: “Tu vens a mim com espada, e com lança, e com dardo, mas eu chego a ti com o nome de Deus dos exércitos.” (17:45) Uma pedra certeira da funda de Davi lança o campeão dos filisteus por terra! Correndo para ele à plena vista de ambos os exércitos, Davi desembainha a espada do gigante e a usa para decepar a cabeça do dono dela. Que grande libertação da parte de Deus! Que regozijo no acampamento de Israel! Morto o seu campeão, os filisteus fogem, e os jubilantes israelitas os perseguem cerradamente.

Saul persegue a Davi (18:1-27:12). Em conseqüência da ação destemida de Davi a favor do nome de Deus, apresenta-se-lhe uma amizade maravilhosa. É com Jonatã, filho de Saul e herdeiro natural do reino. Jonatã chega a “amá-lo como a sua própria alma”, de modo que os dois fazem um pacto de amizade. (18:1-3) Enquanto se celebra a fama de Davi em Israel, Saul, irado, procura matá-lo, mesmo lhe dando sua filha Mical em casamento. A inimizade de Saul se torna cada vez mais insana, de modo que Davi se vê forçado a fugir com a amorosa ajuda de Jonatã. No momento da separação, os dois choram, e Jonatã reafirma a sua lealdade a Davi, dizendo: “Mostre o próprio Deus estar entre mim e ti, e entre a minha descendência e a tua descendência, por tempo indefinido.” 20:42.
Davi e seu pequeno grupo de apoiadores famintos, fugindo do exacerbado Saul, chegam a Nobe. Ali, o sacerdote Aimeleque, depois de se certificar de que Davi e seus homens se abstiveram de mulheres, permite-lhes comer do pão sagrado da proposição. Agora, armado da espada de Golias, Davi foge para Gate, no território dos filisteus, onde finge estar louco. De lá, ele se esconde na caverna de Adulão, depois foge para Moabe, e mais tarde, seguindo o conselho do profeta Gade, ele retorna à terra de Judá. Temendo uma insurreição a favor de Davi, o Rei Saul, louco de ciúmes, ordena a Doegue, o edomita, que massacre a população sacerdotal de Nobe; só Abiatar escapa e foge para junto de Davi. Ele se torna o sacerdote do grupo.

Davi, servo leal de Deus, trava então uma bem-sucedida guerrilha contra os filisteus. Entretanto, Saul continua a sua campanha total de capturar a Davi, convocando seus guerreiros e indo ao encalço dele “no ermo de En-Gedi”. (24:1) Mas Davi, o amado de Deus, consegue sempre manter-se um passo à frente de seus perseguidores. Em certa ocasião, Davi tem oportunidade de matar a Saul, mas ele se refreia e apenas corta a aba da túnica de Saul para lhe provar que lhe poupara a vida. Mesmo este gesto inofensivo faz o coração de Davi bater, pois sente que agiu contra o ungido de Deus. Que grande respeito pela organização de Deus!

A narrativa mencione nesta altura a morte de Samuel (25:1), Davi pede a Nabal, de Maom de Judá, que o proveja de alimento em troca dos serviços prestados a seus pastores. Mas Nabal só ‘lança invectivas’ contra os homens de Davi, e Davi põe-se a caminho para puni-lo. (25:14) Compreendendo a gravidade da situação, Abigail, esposa de Nabal, leva secretamente provisões a Davi e aplaca-lhe a ira. Davi a abençoa pela sua iniciativa judiciosa e a envia de volta em paz. Quando Abigail informa Nabal sobre o sucedido, ele é atacado do coração, e dez dias mais tarde morre. Davi casa-se então com a bondosa e bela Abigail.

Pela terceira vez, Saul persegue obstinadamente a Davi, e, mais uma vez, goza da misericórdia de Davi. “Um sono profundo da parte de Deus” cai sobre Saul e seus homens. Isto permite que Davi entre no acampamento e se apodere da lança de Saul, mas ele se refreia de estender a mão “contra o ungido de Deus”. (26:11, 12) Pela segunda vez Davi é forçado a buscar refúgio junto aos filisteus que lhe dão Ziclague como lugar de residência. De lá, ele continua as suas incursões contra outros inimigos de Israel.

Fim suicida de Saul (28:1-31:13). Os senhores do eixo dos filisteus se unem num exército combinado e acampam em Suném. Em contrapartida, Saul posta-se junto ao monte Gilboa. Num estado de grande agitação, Saul busca orientação divina, mas não consegue obter nenhuma resposta de Deus. Se tão-somente pudesse entrar em contato com Samuel! Saul se disfarça e parte para ir consultar uma médium espírita, em En-Dor, por trás das linhas dos filisteus, cometendo assim outro grave pecado. Encontrando-a, roga-lhe que contate Samuel. Precipitado em tirar conclusões, Saul presume que aquele que a médium faz aparecer seja o falecido Samuel. Entretanto, “Samuel” não tem mensagem consoladora para o rei. No dia seguinte, ele morrerá e, em conformidade com as palavras de Deus, o reino lhe será tirado. No outro acampamento, os senhores do eixo dos filisteus estão subindo ao combate. Vendo a Davi e seus homens entre as fileiras deles, ficam com suspeitas e os mandam para casa. Os homens de Davi voltam a Ziclague no momento exato! Um bando de invasores amalequitas levou a família e as posses de Davi e de seus homens, mas Davi e seus homens os perseguem, e tudo é recuperado sem nenhum dano.
A batalha é travada no monte Gilboa. Israel sofre uma desastrosa derrota, e os filisteus controlam as áreas estratégicas do país. Jonatã e outros filhos de Saul são mortos, e Saul, mortalmente ferido, mata-se com a sua própria espada é um suicida. Os filisteus vitoriosos prendem os cadáveres de Saul e de seus três filhos nas muralhas da cidade de Bete-Sã, mas os homens de Jabes-Gileade retiram os corpos dessa humilhante posição. O calamitoso reinado do primeiro rei de Israel chega assim a um fim desastroso.

POR QUE É PROVEITOSO

Que impressionante história contém Primeiro Samuel! Com honestidade notável em todos os pormenores, expõe tanto a fraqueza como a força de Israel. São mencionados aqui quatro líderes de Israel: dois seguiram a lei de Deus e dois não. Note-se como Eli e Saul fracassaram nos seus deveres: o primeiro negligenciou tomar ação e o segundo agiu presunçosamente. Por outro lado, Samuel e Davi mostraram amor pelo caminho de Deus desde a sua mocidade, e prosperaram em conseqüência disso. Que lições valiosas encontramos aqui para todos os ministros! Quão necessário é que estes sejam firmes, que velem pela pureza e pela ordem na congregação de Deus, que respeitem as providências tomadas nela, que sejam destemidos, calmos, corajosos, que tenham amor e consideração para com os outros! (2:23-25; 24:5, 7; 18:5, 14-16) É digno de nota também que os dois que foram bem-sucedidos tiveram a vantagem de uma boa formação teocrática desde a tenra infância, e, bem jovens ainda, falavam corajosamente a mensagem de Deus e se desincumbiam dos interesses que se lhes confiavam. (3:19; 17:33-37) Que todos os jovens adoradores de Deus hoje possam ser pequenos “Samuéis” e pequenos “Davis”!

Dentre todas as palavras proveitosas deste livro, é preciso lembrar claramente as que Deus inspirou Samuel a proferir ao julgar Saul por este não “extinguir a menção de Amaleque debaixo dos céus”. (Deut. 25:19) A lição de que ‘a obediência é melhor que sacrifício’ é repetida em várias situações, em Oséias 6:6, Miquéias 6:6-8 e em Marcos 12:33. (1 Sam. 15:22) É essencial que tiremos proveito hoje deste relato inspirado, obedecendo plena e completamente à voz de Deus, nosso Senhor! A obediência em reconhecer a santidade do sangue é também trazida à nossa atenção, em 1 Samuel 14:32, 33. Comer carne sem que se tenha deixado escoar devidamente o sangue era considerado ‘pecar contra Deus’. Isto se aplica também à congregação cristã, segundo o que é dito claramente em Atos 15:28, 29.

O que ressalta do livro de Primeiro Samuel é o lastimável erro de uma nação que chegou a considerar a dominação de Deus desde os céus como não sendo prática. (1 Sam. 8:5, 19, 20; 10:18, 19) As armadilhas e a futilidade da dominação humana são retratadas de modo descritivo e profético. (8:11-18; 12:1-17) No início, Saul revela ser homem modesto, que tinha o Espírito de Deus (9:21; 11:6), mas seu bom-senso se obscureceu e seu coração ficou amargo ao passo que diminuía seu amor pela justiça e sua fé em Deus. (14:24, 29, 44) Suas ações anteriores de zelo foram anuladas pelos seus atos posteriores de presunção, desobediência e infidelidade a Deus. (1 Sam. 13:9; 15:9; 28:7; Eze. 18:24) A sua falta de fé gerou insegurança, transformando-se em inveja, ódio e assassínio. (1 Sam. 18:9, 11; 20:33; 22:18, 19) Morreu assim como viveu, faltando com o dever para com seu Deus e para com seu povo, e constitui um aviso para qualquer indivíduo que venha a ser ‘obstinado’ como ele foi. 2 Ped. 2:10-12.

No entanto, há o contraste com o bem. Por exemplo, note-se a conduta do fiel Samuel, que serviu Israel por toda a vida, sem usar de fraude, parcialidade ou favoritismo. (1 Sam. 12:3-5) Mostrava-se ansioso por obedecer desde a sua infância (3:5), era cortês e respeitoso (3:6-8), fidedigno no cumprimento de seus deveres (3:15), inabalável na sua dedicação e devoção (7:3-6; 12:2), disposto a ouvir (8:21), pronto a apoiar as decisões de Deus (10:24), firme no seu julgamento para com quem quer que fosse (13:13), firme na obediência (15:22), perseverante no cumprimento de incumbências (16:6, 11). Era também alguém que recebeu testemunho favorável dos de fora. (2:26; 9:6) Não somente deve o seu ministério na mocidade incentivar os jovens a empreender o ministério hoje em dia (2:11, 18), mas a sua perseverança nele, sem parar, até o fim de seus dias, deve reconfortar os desgastados pela idade. 7:15.

Há, também, o notável exemplo de Jonatã. Ele não manifestou rancor por ser Davi ungido para ser rei do reino que ele poderia ter herdado. Ao contrário, reconheceu as excelentes qualidades de Davi e fez um pacto de amizade com ele. Similar companheirismo desinteresseiro pode ser grandemente edificante e encorajador entre os que hoje servem fielmente a Deus. 23:16-18.
Para as mulheres, há o exemplo de Ana, que acompanhava regularmente seu esposo ao lugar de adoração de Deus. Era mulher humilde, voltada a orações, e renunciou ao companheirismo de seu filho para manter a sua palavra e mostrar apreço pela bondade de Deus. Foi deveras maravilhosa a sua recompensa ao vê-lo entrar no serviço frutífero de Deus, por toda a vida. (1:11, 21-23, 27, 28) Além disso, há o exemplo de Abigail, que demonstrou submissão feminina e sensatez, o que lhe granjeou o louvor de Davi, de modo que mais tarde ela se tornou sua esposa. 25:32-35.

O amor de Davi por Deus é expresso de modo comovedor nos salmos que compôs enquanto perseguido no ermo por Saul, o “ungido de Deus” que caíra no pecado. (1 Sam. 24:6; Sal. 34:7, 8; 52:8; 57:1, 7, 9) E, com que sincero apreço, Davi santificou o nome de Deus, quando lançou o desafio ao escarnecedor Golias! “Eu chego a ti com o nome de Deus dos exércitos . . . No dia de hoje Deus te entregará na minha mão, . . . e pessoas de toda a terra saberão que existe um Deus que pertence a Israel. E toda esta congregação saberá que não é nem com espada nem com lança que Deus salva, porque a Deus pertence a batalha, e ele terá de entregar-vos na nossa mão.” (1 Sam. 17:45-47) Davi, o corajoso e leal “ungido de Deus”, magnificou a Deus como sendo Deus de toda a terra e a única Fonte real de salvação. (2 Sam. 22:51) Sigamos sempre este corajoso exemplo!

O que nos informa o livro de Primeiro Samuel sobre o desenrolar dos propósitos de Deus concernentes ao Reino? Ah! isto nos leva ao verdadeiro ponto alto deste livro da Bíblia! Pois é aqui que conhecemos a Davi, cujo nome significa, provavelmente, “Amado”. Davi era amado de Deus e escolhido como o ‘homem que agradou ao seu coração’, aquele que era apto para ser rei em Israel. (1 Sam. 13:14) Assim, o reino passou para a tribo de Judá, em harmonia com a bênção de Jacó, em Gênesis 49:9, 10, e a realeza havia de permanecer na tribo de Judá, até que viesse o Governante, a quem pertence a obediência de todos os povos.
Além do mais, o nome de Davi está associado com o da Semente do Reino, que também nasceu em Belém, da linhagem de Davi. (Mat. 1:1, 6; 2:1; 21:9, 15) Trata-se do glorificado Jesus Cristo, o “Leão que é da tribo de Judá, a raiz de Davi”, e “a raiz e a descendência de Davi, e a resplandecente estrela da manhã”. (Ap.5:5; 22:16) Regendo no poder do Reino, este “filho de Davi” mostrará toda a firmeza e coragem de seu ilustre antepassado em lutar contra os inimigos de Deus até os derrubar, e em santificar em toda a terra o nome de Deus. Quão forte é a nossa confiança nesta Semente do Reino!